O Natal, os centros comerciais e a felicidade

Nos últimos anos tenho até optado por comprar quase tudo online, mas este ano foi diferente fui para a confusão de um centro comercial. O passeio de aqueceu-me estranhamente o coração.

Ontem passei a tarde às compras no Colombo. Foram horas e horas enfiado em lojas, com os pés inchados de tanto caminhar e a cabeça a latejar de tanta confusão. Fazer compras nunca foi propriamente o meu hobby favorito.

Nos últimos anos tenho até optado por comprar quase tudo online e arriscar sentir aquele stress de não ter bem a certeza se todas as prendas vão chegar a tempo da consoada. Mas este ano foi diferente e a minha mulher lá me puxou para a confusão de um centro comercial.

Este pode até parecer um daqueles textos contra o consumismo da época, mas não é. O passeio de hoje aqueceu-me estranhamente o coração. Se nestes momentos pararmos um bocadinho e olharmos à nossa volta, vamos reparar que esta é mesmo a época mais feliz do ano para a esmagadora maioria das pessoas.

As luzes, as lojas, as cores e as músicas, funcionam como um spa mental. Tenhamos nós mais ou menos dinheiro disponível para presentes, este ambiente é absolutamente contagiante. As pessoas sorriem mais, são mais afáveis e propensas às brincadeiras. Isto para não falar das crianças que os nossos corações melosos promovem imediatamente de diabretes a anjinhos papudos.

E sabem de quem é a culpa? Das marcas. Mas também dos marketeers e dos publicitários que as trabalham. Mulheres e homens que durante os últimos meses exploraram mensagens, formatos e visuais, tudo para que as pessoas se sintam mais felizes nesta época do ano.

Quando um não publicitário ou marketeer olha para um publicitário ou marketeer, tende a pensar que passamos o dia a magicar esquemas para enganarmos os consumidores. Mas não, pelo menos não é isso que os bons profissionais desta área fazem.

A única coisa que tentamos fazer é trabalhar a comunicação das marcas de forma a que os consumidores estabeleçam uma relação com as mesmas, tão forte que os faça querer adquirir os seus produtos e que quando isso aconteça os torne pessoas um bocadinho mais felizes.

Na série Mad Men, há um episódio em que o publicitário Don Draper interpela o seu cliente: “sabe o que é a felicidade?”. Este acena negativamente com a cabeça, ao que Draper remata: “é o cheiro de um carro novo”. Isto pode parecer fútil, mas quem é que não se sente invadido por um sentimento de felicidade quando entra num carro novo?

Os centros comerciais no Natal também cheiram a felicidade.

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