Carlos Ghosn diz que é inocente. Acusa Nissan e procuradores japoneses de conluio
Carlos Ghosn diz que a situação em que se encontra é culpa dos executivos da Nissan, que receavam a influência da Renault na marca. Garante que é inocente.
Cerca de uma semana depois de ter fugido do Japão, onde estava detido, Carlos Ghosn vem defender-se numa conferência de imprensa, garantindo que está inocente e que a situação em que se encontra foi engendrada por uma “mão cheia de executivos da Nissan”.
“Apercebi-me de que a minha situação inimaginável nos últimos 14 meses é o resultado de uma mão cheia de indivíduos sem escrúpulos e vingativos na Nissan“, atirou Carlos Ghosn, numa conferência de imprensa que convocou, no Líbano, para onde fugiu.
O antigo presidente da Renault-Nissan garantiu que as alegações contra si não são verdade e que “nunca devia ter sido detido”. Apontou os problemas financeiros que a fabricante automóvel japonesa começou a enfrentar em 2017 motivaram o sentimento de amargura contra si e acabaram por desencadear o que se passou.
“Alguns dos nossos amigos japoneses [da Nissan] acharam que a única forma de se livrarem da influência da Renault era livrarem-se de mim”, reiterou Ghosn. O antigo presidente das fabricantes automóveis argumentou que os executivos da Nissan eram contra o processo de transformar a aliança irreversível, e que não tinham confiança na parceria. Ghosn sugeriu também que membros do governo japonês estariam envolvidos no esquema, mas disse que não iria tocar nesse tópico para não causar confusão.
O executivo disse ainda que foi questionado pelos amigos sobre como é que não se tinha apercebido de que estavam a conspirar contra ele, ao que respondeu que os ataques japoneses à base norte-americana de Pearl Harbor também não foram antecipados.
Ghosn apontou também o dedo à justiça japonesa, dizendo que “o conluio entre a Nissan e os procuradores estava em todo o lado”. Arrasou as condições em que foi detido, dizendo que eram desumanas, e que foram uma das razões pelas quais decidiu fugir. “Saí do Japão porque queria justiça”, disse.
Não deu detalhes sobre a forma como fugiu, sobre a qual existem várias especulações. Explicou, no entanto, que o atraso em marcar uma data para o tribunal se iria arrastar, e que poderia mesmo ter de ficar cinco anos no Japão até isso ser marcado. “Vais morrer no Japão ou tens de sair”, pensou Ghosn para si próprio.
Quanto aos próximos passos, Ghosn disse que não se considerava numa situação em que não conseguia fazer nada. “Estou habituado a missões impossíveis”, brincou, deixando a garantia de que nas próximas semanas iria lutar e tomar iniciativa, para limpar o seu nome e colocar todas as provas em cima da mesa.
(Notícia atualizada às 14h50)
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