“Distingue-me a capacidade de congregar muita gente desiludida com o rumo do partido”, diz Miguel Pinto Luz

O PSD vai a votos este sábado. Cerca de 40.500 militantes escolhem o novo presidente do partido através de eleições diretas. Rio, Montenegro e Pinto Luz estão na corrida.

O ECO enviou para os três candidatos à liderança do PSD um email onde colocava as mesmas cinco perguntas. Nas respostas, Miguel Pinto Luz defende que tem um programa mais detalhado que o dos seus adversários. A privatização de um dos canais da RTP é uma das propostas. O vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais critica o excedente orçamental do Governo perante a degradação dos serviços públicos.

O que o mais o distingue dos outros dois candidatos à liderança do PSD?

Sem falsas modéstias, distingue-me a vontade, a energia, o discurso, a capacidade de congregar e mobilizar muita gente que está desiludida com o rumo do partido. Distingo-me também nas propostas: o meu programa eleitoral é de longe o mais detalhado entre os que foram apresentados aos militantes nesta campanha interna. Defendo propostas ousadas, como o aumento substancial do salário mínimo, a privatização de um dos canais da RTP, a transição gradual das escolas públicas para fundações de direito privado de utilidade pública, a redução imediata do IRC para novas empresas de base tecnológica, o acesso dos representantes dos trabalhadores aos órgãos de gestão das empresas. Isto só para dar alguns exemplos. Distingue-me também a permanente vontade de debater ideias. Infelizmente esta campanha limitou-se a cumprir os mínimos quanto a debates: houve apenas um entre os três candidatos. Devia ter havido pelo menos mais dois, como defendi. Infelizmente, os meus adversários recusaram tal proposta. Como podemos criticar os socialistas de fugirem aos debates quando nós evitamos dar bons exemplos nesta matéria?

Sem falsas modéstias, distingue-me a vontade, a energia, o discurso, a capacidade de congregar e mobilizar muita gente que está desiludida com o rumo do partido. Distingo-me também nas propostas: o meu programa eleitoral é de longe o mais detalhado.

Miguel Pinto Luz

Candidato à liderança do PSD

O Presidente da República pediu uma oposição forte na mensagem de Ano Novo. O que é uma oposição forte? Uma oposição forte exclui de todo qualquer entendimento com o Governo ou pode haver temas que são exceção?

Uma oposição forte não alimenta ilusões quanto à vontade de negociação do Partido Socialista para além dos seus interlocutores da esquerda radical que lhe aprovaram quatro Orçamentos do Estado durante a legislatura anterior. Nunca o PS esteve tão próximo da esquerda mais extremista como sob a liderança de António Costa. O primeiro-ministro já deixou bem claro que rejeita entendimentos ao centro e à direita. Foi assim na Lei de Bases da Saúde, foi assim na questão dos contratos de associação com os estabelecimentos de ensino privado e educativo. Só para mencionar dois casos muito emblemáticos. Uma oposição forte, neste quadro, deve concentrar-se na construção de plataformas alternativas de poder à governação socialistas em vez de desperdiçar energias a reclamar pactos de Estado com um primeiro-ministro que não está minimamente interessado neles. Desde logo por ser a antítese do político reformista: António Costa limita-se a gerir o que está. É um situacionista puro e duro.

Se vencer as diretas do PSD qual a primeira medida que toma?

A minha primeira prioridade é unir o partido. Só assim o PSD conseguirá mobilizar-se para os importantes desafios eleitorais dos próximos anos – designadamente as autárquicas de 2021. Mas não quero construir pontes apenas com os mesmos de sempre: ambiciono chamar novas gerações, que andam muito afastadas da política, e trazer profissionais qualificados oriundos de diversas áreas, desafiando uns e outros a porem o seu talento ao serviço desta causa tão nobre que se chama serviço público e na qual os partidos políticos têm um papel insubstituível. Rejuvenescer quadros para dinamizar o partido: esta é uma meta essencial. Sem ela, tudo o resto pode ficar comprometido.

O que faria com um excedente orçamental?

Daria prioridade ao investimento público nas áreas que foram mais negligenciadas durante os quatro anos de “geringonça”. António Costa e os seus parceiros da esquerda radical enchem a boca com referências ao Estado Social, mas a verdade é que o Estado Social nunca esteve tão maltratado como agora. Com serviços hospitalares encerrados, intermináveis listas de espera para cirurgias, estabelecimentos escolares que fecham por falta de funcionários ou instalações profundamente deterioradas, transportes fluviais e ferroviários incapazes de servir os cidadãos que a eles recorrem para aceder ao trabalho diariamente. Um quadro inaceitável, que decorre das tristemente célebres cativações do ministro das Finanças. Mário Centeno transformou cada Orçamento do Estado numa peça de ficção, fazendo aprovar na Assembleia da República um montante de despesas que nunca teve intenção de cumprir. O resultado está à vista: nem no tempo em que Portugal se encontrava sob intervenção financeira externa, por força da desgovernação de José Sócrates, tivemos os serviços públicos tão degradados.

Qual a medida prioritária para que a economia portuguesa cresça mais?

A medida prioritária passa pela redução dos impostos, tanto para as famílias como para as empresas. Há vinte anos que a economia portuguesa está praticamente estagnada, com níveis de crescimento anémico no melhor dos cenários. Não podemos conformar-nos com esta mediocridade. Nem podemos continuar a assistir, passivamente, à contínua ultrapassagem do nosso país, que é membro da Europa comunitária há quase 35 anos, por Estados do centro e do leste do continente que ingressaram na União Europeia muito depois de nós mas já têm um crescimento económico superior ao nosso. A recuperação estrutural só surgirá quando houver um Governo com coragem para reduzir os níveis de confisco tributário a que António Costa condenou os portugueses, impondo-lhes a maior carga fiscal de sempre. As economias mais dinâmicas, a nível internacional, oneram muito menos os contribuintes. A solução tem de começar por aqui.

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