Rui Pinto assume que é o denunciante do Luanda Leaks

  • ECO
  • 27 Janeiro 2020

O hacker Rui Pinto é mesmo o denunciante do Luanda Leaks. A informação foi confirmada esta segunda-feira em comunicado por William Bourbon, advogado de Rui Pinto e presidente da PPLAAF.

O Rui Pinto é o denunciante do Luanda Leaks. A Polícia Judiciária acreditava que o hacker português tinha sido o denunciante por detrás da fuga de informação, uma suspeita que foi confirmada esta segunda-feira em comunicado pelos advogado William Bourbon, avança o Expresso.

Os Luanda Leaks revelaram um conjunto de 715 mil documentos contendo informações sobre Isabel dos Santos, nomeadamente sobre transferências feitas pela empresária angolana para contas offshore no Dubai.

Na base da instigação feita pelo consórcio internacional de jornalistas, do qual fazem parte a SIC e o Expresso, estiveram documentos que, sabe-se agora, foram entregues pelo hacker português à Plataforma para a Proteção de Whistleblowers (PPLAAF) em África, com sede em Paris, França.

“O PPLAAF está satisfeito por, mais uma vez, um whistleblower [denunciante] revelar ao mundo atos que vão contra o interesse público internacional”, disse William Bourbon, advogado de Rui Pinto.

O advogado do hacker português sublinha que “tal como no caso do Football Leaks, estas revelações devem permitir o lançamento de novas investigações judiciais e assim ajudar na luta contra a impunidade dos crimes financeiros em Angola e no mundo“.

Com a entrega dos documentos, realizada em 2018 através de um disco rígido, Rui Pinto descarta quaisquer motivações políticas, referindo que a intenção passa por expor atividades ilegais ou contrárias ao interesse público e ajudar a sociedade a compreender a cumplicidade de facilitadores do mundo nos negócios de Isabel dos Santos.

Já o diretor do Consórcio Internacional dos Jornalistas (na sigla em inglês ICIJ), Gerard Ryle, vem também em defesa de Rui Pinto, referindo que “os documentos vieram de um cidadão preocupado” e que este atuou “em nome do público”.

“A partilha (…) representou o fornecimento de provas incontestáveis sobre a miséria desnecessária que foi infligida ao povo de Angola e o papel dos intermediários que se enriqueceram ao facilitarem isso“, aponta Gerard Ryle em comunicado.

Esta semana tinha sido noticiado que Rui Pinto, o whistleblower do Football Leaks, estaria por detrás da fuga de informação que expôs mais de 715 mil documentos relacionados com o processo Luanda Leaks. Na base da convicção da Polícia Judiciária estaria o facto de muitos dos ficheiros que foram tornados públicos fazerem parte de documentos que foram apreendidos a Rui Pinto e que estavam guardados em pens, discos rígidos e computadores.

O próprio marido de Isabel dos Santos já tinha acusado o hacker português, referindo que Rui Pinto era “o braço armado deste complô” do Luanda Leaks. “Nós sabíamos que várias das nossas empresas tinham sido alvo de um hacker português. Estes documentos foram guardados e estão, hoje, a ser instrumentalizados para controlar por completo os nossos bens no estrangeiro”, disse Sindika Dokolo, em declarações à rádio RFI Afrique.

(Notícia atualizada às 8h42)

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