Caixa vai dar 300 milhões em dividendos ao Estado. “Contas permitem devolver dinheiro aos contribuintes”, diz Macedo
A Caixa Geral de Depósitos apresentou esta sexta-feira os melhores resultados em doze anos. Além de pagar dividendos, Paulo Macedo quer reembolsar dívida mais cara ao mercado.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a estudar um pagamento de dividendos ao Estado de 300 milhões de euros. O CEO Paulo Macedo anunciou esta sexta-feira que o banco público, que aumentou os lucros anuais em 56,5% para 775,93 milhões de euros em 2019, vai pagar dividendos pelo segundo ano consecutivo.
Macedo disse, na conferência de imprensa que se seguiu à apresentação de resultados, que a CGD deverá entregar 300 milhões de euros em dividendos ao Estado, depois de ter pago outros 200 milhões no ano passado. “São 500 milhões dos 2.500 milhões que foram postos na Caixa” pelo Estado, diz o CEO.
Este montante fica acima do esperado pelo Governo, que inscreveu na proposta de Orçamento do Estado para 2020 uma projeção de receita de 237 milhões de euros. Só está ainda em aberto porque as contas ficaram fechadas esta semana e o montante ainda terá de ser analisado pelo acionista e validado pelo Banco Central Europeu (BCE).
“Esta é uma boa semana para a Caixa. Aprovámos as contas, aumentamos as contas numa rentabilidade que consideramos positiva. Conseguimos ter contas que continuam a permitir devolver dinheiro aos contribuintes portugueses e ir de encontro aos compromissos que o Estado português assumiu“, sublinhou o CEO do banco público.
A prioridade de Paulo Macedo é entregar dividendos ao Estado, mas já se prepara também para reembolsar ao mercado a dívida mais cara que assumiu no rescaldo da crise. Além destes 500 milhões em dividendos ao Estado, a Caixa Geral de Depósitos quer entregar outros 500 milhões de euros aos investidores.
“Se as condições atuais se mantiverem, temos maior probabilidade de ter condições de reembolsar a dívida AT1 com condições quase de capital”, anunciou ainda.
Em março de 2017, a CGD emitiu obrigações a uma taxa de juro de 10,75% — “foi o que o mercado exigiu à Caixa após seis anos de prejuízos”, na perspetiva do gestor — que têm uma opção de reembolso dentro de dois anos.
“[A opção de] reembolso é a cinco anos. Portanto se a Caixa tiver, dentro de dois anos, as condições que tem hoje, seria totalmente reembolsado“, afirmou Paulo Macedo. “Obviamente é uma prioridade para este banco pagar essa divida. Até o Estado tem interesse em que a Caixa o faça”.
Para que esse reembolso, o BCE terá de autorizar, o que poderá ser linear (e assim seria usado dinheiro em caixa) ou através de uma exigência de uma emissão idêntica (sujeita às condições de mercado).
Feitas as contas, Paulo Macedo — que celebra este sábado três anos à frente da Caixa — diz ter criado 1.068 milhões de euros de valor (em resultados e dividendos) para o acionista e quer duplicar esse montante nos próximos anos. “Se não houver nenhuma disrupção significativa no mercado, entre o valor adicional que a Caixa deve gerar, mais dividendos e mais o reembolso do AT1, a Caixa tem obrigação de devolver ao Estado mais dois mil milhões ao Estado em dois anos e 2,5 mil milhões em cinco anos“, acrescentou.
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