Super Bock, Indasa, IKEA, Adega de Monção, AMF Shoes e Bosch Aveiro são exemplos de empresas que pagam salários mínimos com valores iguais ou superiores a 700 euros.
O salário mínimo nacional vai aumentar para 750 euros até 2023. No entanto, já existem várias empresas a pagarem um valor aproximado ou até mesmo superior ao salário mínimo nacional. Todos concordam que este aumento é um incentivo para aumentar a felicidade dos colaboradores e que acaba por ser uma forma de melhorar os índices de produtividade.
“Este aumento acaba por ter efeito na produtividade da empresa, o objetivo é termos colaboradores felizes, motivados e qualificados”, explica ao ECO o business controller da Indasa. Empresa especializada na produção de materiais e sistemas de lixamento que emprega cerca de 280 colaboradores em Portugal e paga um salário mínimo superior ao proposto pelo Governo de António Costa, José Pedro Marques explica que “é uma política da empresa pagar desde o princípio um salário superior ao “mínimo”. O salário mais baixo que se pratica na Indasa é de 795 euros”, refere o responsável.
Com um valor um pouco mais baixo surge o grupo Super Bock. O grupo comunicou que vai aumentar o salário mínimo pago aos trabalhadores para 735 euros em 2020, um aumento de 5% face aos 700 euros pagos em 2019. O grupo Super Bock é composto por 1.300 trabalhadores e este é o segundo aumento do salário mínimo em dois anos.
O ordenado mínimo da empresa “tem evoluído consistentemente acima dos valores fixados pelo Governo”, explica em comunicado Miguel Araújo, diretor de relações institucionais da empresa.
O aumento do salário mínimo vem contribuir para a satisfação global dos nossos colaboradores, bem como recompensar os mesmos pelo excelente desempenho e dedicação.
A Adega de Monção é outro dos exemplos a adotar esta medida. Acaba de fixar o salário mínimo em 700 euros este ano, o que corresponde a 10% acima do valor anunciado pelo Governo. A Adega de Monção conta atualmente com cerca de 30 colaboradores e é responsável pela produção de vinhos com marcas como “Alvarinho Deu La Deu”, “Muralhas” ou “Adega de Monção”.
“O aumento do salário mínimo além do valor fixado pelo Governo integra um conjunto de benefícios que a Adega de Monção tem vindo a implementar no sentido de “contribuir para a satisfação global dos nossos colaboradores, bem como recompensar os mesmos pelo excelente desempenho e dedicação”, destaca Armando Fontainhas, presidente da direção.
Com o mesmo valor que a Adega de Monção, a IKEA já comunicou que os trabalhadores a tempo inteiro vão ter direito a um “salário mínimo” de 700 euros, mais 50 euros do que o mínimo anterior e mais 65 euros do que o mínimo nacional fixado para este ano.
Nós queremos ser mais atrativos que as empresas à volta e para atrair os melhores temos que pagar mais”.
“Esta é mais uma das formas de reconhecermos e retribuirmos o seu compromisso [dos trabalhadores], especialmente dos que estão nos escalões de entrada na empresa. Esta decisão vem no seguimento da nossa estratégia de posicionar a IKEA como um dos melhores empregadores globais”, afirma Cláudio Valente, people & culture manager da IKEA Portugal.
O setor do calçado também entra nesta equação. Albano Fernandes, fundador da AMF, empresa de calçado que emprega 145 funcionários, refere ao ECO que a organização já paga mais que o valor decretado pelo Governo. Considera que “com estas medidas o colaborador fica mais motivado e acaba por melhorar a produtividade nas linhas de produção“.
“A base do salário mantém-se no que a lei prevê, os 635 euros, mas com uma exceção. Nós pagamos 15 salários por ano e mais um prémio mensal de 35 euros, o que dá uma média de 720 euros mensais”, explica Albano Fernandes.
A opinião é unânime e todos os entrevistados concordam que pagar um salário acima do “mínimo nacional” é um incentivo para aumentar a felicidade dos colaboradores, o que acaba por contribuir para melhorar a produtividade das empresas.
Poder de atração
“Nós queremos ser mais atrativos que as empresas à volta e, para atrair os melhores, temos de pagar mais”, explica ao ECO, Jónio Reis, manufacturing vice president na Bosch Termotecnologia Aveiro. A Bosch Aveiro recruta através de uma empresa de recursos humanos, mas paga mais que o “salário mínimo” atual. Só em Aveiro, o grupo conta com cerca de 1.300 colaboradores, sendo que operários diretos são cerca de 680.
“Nós pagamos 650 euros logo à entrada e, passados seis meses, aumentamos cerca de 5%. No final de meio ano o colaborador passa a ganhar entre 675 e 680 euros, o que não invalida que, adicionalmente ao salário, tenham um prémio de produtividade e um prémio ligado aos resultados da empresa”, explica o manufacturing vice president na Bosch Termotecnologia Aveiro.
“No final de seis meses temos a confirmação da real valia do operador (…) Queremos atrair os melhores para a Bosch Aveiro e reter talentos ao fim de seis meses, esta é a nossa política”, conclui Jónio Reis.
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De 700 a 795 euros. Estas empresas subiram os salários mínimos
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