Fusões e aquisições dececionam em 2016. Mas foi o terceiro melhor ano da década
Principais bancos de investimento mundiais falam em desilusão na atividade de fusões e aquisições em 2016, o terceiro melhor ano da década. E mantêm um otimismo moderado para o próximo ano.
Um volume recorde de negócios falhados transformou 2016 num ano desapontante ao nível da atividade de fusões e aquisições (M&A) a nível mundial. Os principais bancos de investimento justificam este desapontamento com fatores políticos, como o voto do Reino Unido para a saída da União Europeia. Se 2016 não foi lá muito bom, as perspetivas dos principais bancos de investimento para o próximo ano são ligeiramente mais otimistas.
Apesar da deceção, os negócios de M&A deverão atingir os três biliões de dólares (cerca de 2,9 biliões de euros) em 2016, o terceiro melhor ano da última década, segundo os dados compilados pela Bloomberg. Quem costuma liderar estas operações diz que o mercado foi resiliente e que 2017 poderá ser melhor.
“No geral, acreditamos que 2017 deverá ser pelo menos tão bom como 2016”, referiu Luca Ferrari, diretor de M&A para a Europa, Médio Oriente e África (EMEA) do Bank of America. “Há disponibilidade de capital, os mercados acionistas negoceiam com avaliações elevadas e a confiança dos CEO mantém-se em elevados níveis. Em todo o caso, juntamente com a provável subida dos juros, o afastamento face às políticas convencionais e a falta de crescimento económico nos mercados EMEA deverão continuar a criar incerteza e a limitar o investimento”, acrescentou este responsável.
"Há disponibilidade de capital, os mercados acionistas negoceiam com avaliações elevadas e a confiança dos CEO mantém-se em elevados níveis. Em todo o caso, juntamente com a provável subida dos juros, o afastamento face às políticas convencionais e a falta de crescimento económico nos mercados EMEA deverão continuar a criar incerteza e a limitar o investimento.”
Também o Goldman Sachs manifestou “otimismo moderado” para o próximo ano, com o diretor de M&A Global Gilberto Pozzi a citar condições financeiras favoráveis e confiança dos investidores como principais drivers que deverão alimentar a consolidação do setor empresarial privado. “Há receios de que as tensões geopolíticas possam afetar a confiança dos CEO e a sua vontade de levar em diante estes negócios. Contudo, continuamos muito ativos em conversações com vários clientes sobre a possibilidade de consolidação de larga escala e poderemos assistir a movimentações expressivas durante o próximo ano”, acrescentou.
Pier Luigi Colizzi, do Barclays, mantém maior cautela por causa da incerteza em torno da decisão do Reino Unido de acionar o artigo 50 para abandonar a União Europeia e das implicações das políticas económicas da nova administração norte-americana. Colizzi acredita que os setores de prestação de cuidados de saúde e químico vão continuar ativamente a consolidar-se no próximo ano. E destaca o setor dos media, “que assistiu a uma atividade significativa no final de 2016”, como setor em grande atividade ao longo do próximo ano.
A 21st Century Fox apresentou na semana passada uma proposta para aquisição dos 61% do capital da Sky que ainda não detém. A empresa do magnata dos media Rupert Murdoch oferece mais de 13,7 mil milhões de euros para ficar com a totalidade da cadeia televisiva. Em outubro, a operadora de telecomunicações AT&T anunciou a compra da Time Warner, dona da Warner Bros, da CNN, da HBO e da TNT, num negócio multimilionário de mais de 73,4 mil milhões de euros, ou mais de 80 mil milhões de dólares, estando à espera da luz verde dos reguladores para finalizar a operação.
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