Portugal consegue juros negativos em dívida de longo prazo. Obtém 1.227 milhões
É inédito em leilões de obrigações portuguesas: pela primeira vez Portugal conseguiu financiar-se a uma taxa juro negativo nos mercados de dívida.
Pela primeira vez em leilões de obrigações do Tesouro, Portugal conseguiu registar juros negativos. Aconteceu esta quarta-feira. O IGCP emitiu 564 milhões de euros em títulos de longo prazo com o juro a ficar em terreno negativo. É inédito por cá e acontece num ambiente de juros em mínimos de sempre promovido pelo Banco Central Europeu (BCE).
Foram a leilão esta manhã duas linhas de obrigações: uma que vence em julho de 2026 (maturidade a seis anos) e outra que vence em abril de 2034 (maturidade a 14 anos).
Na primeiro caso, o Tesouro registou uma taxa de juro de -0,057%, abaixo do que tinha registado há cerca de um ano nesta linha – em março de 2019 a taxa foi de 0,763%, embora não seja diretamente comparável tendo em conta que o prazo de vencimento era superior em cerca de um ano. Nesta linha, o IGCP conseguiu obter esta manhã um financiamento de 564 milhões, com a procura a ficar 2,43 vezes acima do montante emitido.
Com obrigações a 14 anos, o montante arrecadado foi de 663 milhões a uma taxa de 0,555%. Também aqui o custo foi mais baixo face ao anterior leilão nesta linha, realizado em outubro do ano passado.
Tudo somado, a República portuguesa obteve um “empréstimo” do mercado no valor de 1.227 milhões de euros — ligeiramente abaixo do montante indicativo — e ao custo mais baixo de sempre.
Até hoje, Portugal apenas tinha registado taxas negativas em leilões de bilhetes do Tesouro que têm maturidades bem mais curtas do que as obrigações.
“Os receios de algum abrandamento económico, juntamente com o coronavirus, levaram os investidores a procurarem ativos de refúgio, pelo que as taxas das dívidas soberanas voltaram a comprimir. Os discursos de Lagarde e Powel apontam para um “esperar para ver” o que continua a suportar o mercado de dívida, não deixando grandes expectativas, pelo menos para já, de uma subida de taxas”, referiu Filipe Silva, do Banco Carregosa.
“Portugal continua a conseguir baixar o custo do serviço da dívida. A título comparativo, há um ano, para a maturidade de 2034, estávamos a pagar uma yield de 2,034% versus os atuais 0,55%”, reforçou o analista.
(Notícia atualizada às 11h20 com comentário de Filipe Silva, do Banco Carregosa)
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