Christine Lagarde descarta resposta imediata do BCE ao coronavírus
Para a presidente do Banco Central Europeu (BCE), a epidemia do coronavírus ainda não desencadeou um "impacto duradouro" na inflação e na oferta e procura. Resposta imediata está, para já, de parte.
O Banco Central Europeu (BCE) está a seguir “muito cautelosamente” a epidemia de coronavírus. Mas, para já, estão afastadas medidas de política monetária que respondam à propagação deste surto, um problema que ameaça travar o crescimento da economia europeia e que está a provocar uma derrocada nas bolsas mundiais.
Em declarações ao Financial Times (acesso pago), a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que o banco central está a acompanhar a situação, mas indicou que ainda não foi alcançado o patamar a partir do qual a epidemia terá um “impacto duradouro” na inflação, assim como na procura e na oferta. Desta forma, para Lagarde, o surto ainda não exige uma resposta de política monetária.
De acordo com o jornal, estes comentários da líder do BCE sinalizam que o banco central estará a ponderar não alterar as taxas de juro na reunião do comité de política monetária. O próximo encontro terá lugar dentro de duas semanas.
Esta posição surge mesmo depois de várias entidades terem cortado as previsões de crescimento da Zona Euro, devido ao impacto do coronavírus. O Bank of America reduziu a estimativa de crescimento da Zona Euro de 1% para 0,6%, enquanto o Credit Suisse cortou a estimativa de 0,9% para 0,5%, segundo o Financial Times.
O surto teve origem na China e o vírus já infetou dezenas de milhares de pessoas. No entanto, esta semana representou um ponto de viragem, a partir do qual o vírus passou a infetar mais pessoas fora da China do que no território chinês. Um dos casos mais preocupantes é o de Itália. Na região de Milão, há já mais de quatro centenas de pessoas infetadas pelo vírus.
FMI diz que há financiamento para países que necessitem
O Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial prepararam programas de financiamento imediato que podem ser utilizados pelos países que tenham dificuldades em enfrentar a epidemia de coronavírus, indicou um porta-voz do FMI.
“As duas instituições desenvolveram programas de emergência”, declarou Gerry Rice em conferência de imprensa, acrescentando que até agora nenhum país pediu ajuda. “Dispomos de instrumentos financeiros que podem ser utilizados. Temos instrumentos rápidos, de facilidade de crédito rápido para apoiar os países” em caso de epidemia ou desastres naturais, explicou, lembrando o caso do Ébola.
Questionado sobre a forma como a China lidou com o problema de propagação do novo coronavírus, Gerry Rice sublinhou que o FMI apoia “firmemente” o país. “Adotaram uma série de medidas importantes”, observou.
Além disso, o porta-voz do FMI reafirmou que em breve deverá ser tomada uma decisão sobre se as reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial previstas para o início de abril se realizam e em que formato. “Estamos confiantes de que, independentemente do formato, essas reuniões serão bem-sucedidas”, adiantou.
Moody’s diz que crescimento de Itália pode ser penalizado
A agência de notação financeira Moody’s afirmou que o surto de coronavírus pode penalizar a economia italiana, aumentando os riscos de uma recessão, mas considerou improvável que isso afete a classificação da dívida.
Numa nota com data de quarta-feira, a agência de rating refere que os casos de coronavírus reportados pelas autoridades italianas concentram-se nas regiões mais industrializadas do norte do país, onde foram adotadas medidas de quarentena e restrições nas viagens.
“O surto de coronavírus pode agravar as perspetivas de um fraco crescimento e aumentar o risco de a Itália entrar em recessão“, indicou a Moody’s.
Embora nesta fase ainda não se saiba qual a duração e a dimensão desse impacto, a Moody’s considera muito provável que haja um efeito temporário no consumo e na produção.
Segundo a agência, que assume esperar que o surto seja contido em breve, um enfraquecimento adicional da economia pode não implicar uma alteração no rating da dívida de Itália (Baa3 estável).
Com 258 casos de coronavírus e 14 mortos, a Itália é atualmente o país mais afetado da Europa.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão nos últimos dias.
(Notícia atualizada às 17h36 com posição do BCE e do FMI)
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