EDP derruba chaminés da velha central de Setúbal. Fecho parcial de Sines já este ano pode estar em análise
O Capital Verde, do ECO, sabe que a EDP estará a estudar o cenário de avançar, já este ano, com o fecho de dois dos quatro grupos da central de Sines, tendo em conta que não trabalha desde agosto.
Este sábado, 7 de março, precisamente à uma da tarde em ponto, Setúbal vai parar para assistir à mega operação de derrube das duas chaminés da antiga central termoelétrica da EDP na cidade. Chegou a ser a maior do país e durante mais de 30 anos — entre 1978 e 2013 — produziu eletricidade de forma poluente a partir da queima de fuelóleo.
“Para a EDP esta demolição marca um momento simbólico que reforça a capacidade de antecipação de tendências do grupo que, desde 2007, tem feito uma aposta crescente em energias renováveis e apostado na descarbonização e eletrificação do consumo. Reforça também o empenho e o compromisso da EDP na transição energética”, explica a empresa em comunicado.
Neste contexto, o Capital Verde, do ECO, sabe que a EDP estará a estudar também o cenário de avançar, já este ano, com o fecho de dois dos quatro grupos da central a carvão de Sines, tendo em conta que a mesma não trabalha desde agosto, pelo menos.
Sobre este tema, a EDP diz apenas que ainda não tomou qualquer decisão de encerramento sobre as centrais a carvão na Península Ibérica. “Analisamos permanentemente os cenários a médio prazo dos mercados de gás, carvão e CO2 para definir as condições de funcionamento das centrais. Nas atuais condições de mercado, as centrais de ciclo combinado têm-se revelado mais competitivas, o que tem levado a paragens mais prolongadas das centrais a carvão em Portugal e em Espanha”, explicou fonte oficial.
Só nestes dois primeiros meses de 2020, António Mexia, CEO da EDP, já falou várias vezes sobre o cenário de encerrar Sines antecipadamente, frisando sempre que a central vai continuar a operar “enquanto as margens permitirem”. Na recente apresentação das contas de 2019, Mexia confirmou que Sines “operou muito menos horas, mas muito menos, em 2019 do que em 2018. É provável que ainda opere menos horas este ano”. E apontou a “imparidade de Sines” como uma das causas para a queda dos lucros em 2019, ano em que a atividade em Portugal deu prejuízo à EDP.
A central não poderá mesmo operar além de setembro de 2023, meta do Governo para o fim da produção de eletricidade com carvão, mas, até lá, Mexia quer continuar a garantir “margens positivas”. Em dezembro, a EDP informou que a perda de competitividade das centrais elétricas a carvão teria um custo extraordinário de 300 milhões de euros e um impacto negativo nos resultados de 2019 de 200 milhões de euros.
Nas contas da EDP, a eletricidade a partir do carvão teve em 2019 metade do peso que tinha em 2018, uma queda de 50% tanto em Portugal como em Espanha. Já o fator médio de utilização das centrais a carvão caiu 32 pontos percentuais, para apenas 34% em 2019.
Ainda assim, Mexia mantém a posição: “Se considerássemos que as margens não estavam lá até já tínhamos pedido para que Sines não operasse. Ainda não o fizemos. Consideramos que Sines ainda faz parte desta transição energética. Se não libertar cash, anteciparemos o encerramento”, confirmou em entrevista ao ECO. A decisão pode até não estar ainda tomada, “mas é uma coisa monitorizada de forma permanente”, garante o CEO.
À data de hoje, a EDP é ainda dona de três centrais a carvão, uma em Portugal e duas em Espanha, sendo que numa destas centrais espanholas está a ser estudada a sua transformação reconversão para a queima de uso de gás siderúrgico. Um cenário de reconversão que Mexia afasta, para já, em Sines, apesar dos sucessivos apelos do Ministério do Ambiente e da Ação Climática.
Sobre uma eventual compensação financeira à empresa pelo fecho antecipado da central a carvão, que o Governo já garantiu que não pagará, Mexia afirmou que “o setor da energia não pode ser o único negócio do mundo onde as pessoas são obrigadas a operar e a perder dinheiro”. O CEO da EDP garantiu que a empresa vai respeitar as decisões do Governo em relação ao carvão, mas lembrou que as mesmas “têm custos”.
Da lista das termoeléctricas da EDP fazem ainda parte, em Portugal, duas centrais a a gás — Lares e Ribatejo – e uma central de cogeração – Fisigen, no Barreiro. Quanto às hídricas, são 59 as que estão em produção. 68% da potência instalada da EDP Produção assenta em energia renovável hídrica e os restantes 32% em potência térmica convencional.
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