Pernod-Ricard: Imposto sobre o álcool é “mais uma ameaça sobre o setor”
A Pernod Ricard Portugal lamenta o novo aumento do imposto sobre o álcool. Alerta para a importância deste setor, afirmando que o grupo cria 500 milhões de euros para a economia nacional.
O diretor-geral da Pernod Ricard Portugal afirma que as bebidas destiladas são centrais para a economia portuguesa, salientando que o grupo cria um valor estimado em cerca de 500 milhões de euros, dos quais 120 milhões em receitas fiscais.
Em entrevista à Lusa, Jean-François Collobert apontou o impacto negativo da carga fiscal sobre o negócio das bebidas, lamentando o novo aumento do IABA (Impostos sobre o Álcool e as Bebidas Alcoólicas) em 2017, e garantiu que no próximo ano a Pernod Ricard vai acelerar a sua “agenda fiscal” e “sensibilizar os poderes políticos para o risco de mais aumentos”.
O responsável da Pernod Ricard lembrou que, este ano, o IABA aumentou dois cêntimos em abril, aos quais se somarão mais dois cêntimos a partir de janeiro de 2017, estimando que o imposto sofreu um incremento de 30% em seis anos.
“O IABA é mais uma ameaça sobre um setor que nos últimos dez anos perdeu um quarto do seu valor”, sublinhou, adiantando que, entre 2011 e 2015, o mercado de destilados em Portugal perdeu 800 mil caixas, passando de 3,4 para 2,6 milhões de caixas.
“É suficientemente preocupante para nos questionarmos sobre o impacto do IABA sobre o consumo e as receitas fiscais e dizer: ‘cuidado’, porque este é um setor que traz muito valor, é um setor chave na economia portuguesa e na criação de valor em Portugal”, destacou Jean-François Collobert.
Numa garrafa de 15 euros, quase metade (6,63 euros, entre IABA e IVA) reverte a favor do Estado, o que leva Portugal para “um dos níveis mais elevados” da Europa em termos de carga fiscal, proporcionalmente aos salários e ao nível de vida, notou.
"É suficientemente preocupante para nos questionarmos sobre o impacto do IABA sobre o consumo e as receitas fiscais e dizer: ‘cuidado’, porque este é um setor que traz muito valor, é um setor chave na economia portuguesa e na criação de valor em Portugal.”
Segundo o mesmo responsável, o grupo francês, que conta em Portugal com um portefólio abrangente que inclui cinco whiskeys, entre os quais o Jameson, quatro gins, incluindo o Beefeater, dois champanhes, o vodka Absolut, o pastis Ricard e o ‘brandy’ Macieira), não pensa, no entanto, travar o investimento.
“Vemos Portugal como um mercado muito atrativo, com uma dinâmica forte e os destilados estão no centro desta dinâmica, fazem parte da experiência do turismo e da gastronomia”, destacou, adiantando que 2017 vai ser um ano de “aceleração” dos investimentos e da “agenda” fiscal.
“Vamos começar a falar já com o Governo português, com o poder político, os grupos parlamentares para os sensibilizar para esta questão. A carga fiscal tem um impacto negativo e é nossa obrigação demonstrar em quê”, reforçou o diretor geral da Pernod Ricard, salientando que “há um limite em termos de eficiência fiscal”.
Para o próximo ano, a Pernod Ricard definiu três prioridades: whisky, gin e o segmento ‘luxo’, que representa apenas 10% das vendas em volume, mas já vale um terço do crescimento da empresa em Portugal.
Jean-François Collobert adiantou que Portugal responde a vários critérios: o consumo de marcas associadas a determinada imagem, conhecimento do champanhe, o volume de turistas (cerca de 17 milhões anuais), a penetração e o impacto do segmento de luxo medido através de diferentes indicadores, incluindo os investimentos imobiliários.
Em 2017, o diretor-geral da Pernod Ricard Portugal antecipa um crescimento entre os 2 e 4%, alinhado com a meta do grupo a nível internacional.
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