Sócrates defende dívida europeia contra o vírus. Alerta para erros da crise anterior
Antigo primeiro-ministro defende "prioridade à questão sanitária, custe o que custar à economia". Depois, é preciso que a Europa se una para evitar o que aconteceu na crise anterior.
José Sócrates aplaude a atuação dos vários governos europeus na resposta à crise sanitária que está a ser vivida. O primeiro-ministro que levou o país à bancarrota e foi obrigado a pedir uma intervenção externa da troika diz agora, num artigo de opinião publicado no Expresso, que está a haver frieza dos líderes, focando-se na emergência social. Contudo, o ex-primeiro-ministro alerta para a emergência económica que aí vem, pedindo uma resposta comum à Europa, ao contrário do que aconteceu enquanto comandou o Executivo português até 2011.
“A Europa está agora no centro da pandemia. Pese embora a tragédia dos números nalguns países e as compreensíveis hesitações iniciais, os governos europeus parecem estar a agir com cabeça fria”, diz Sócrates. “Primeiro, prioridade à questão sanitária, custe o que custar à economia“, defende o antigo governante, agora arguido na Operação Marquês.
“Enquanto isto, na frente da emergência económica, a União Europeia hesita”, alerta Sócrates, depois de afirmar que a situação atual lhe dá “uma certa sensação de dejávu“. Uma declaração para justificar o que sucedeu em 2011.
“Sim, o banco central garantiu a indispensável liquidez. No entanto, as indispensáveis medidas de proteção social e de defesa da sobrevivência empresarial são deixadas a cada um dos países que não esqueceram a lição de 2008 e temem ser deixados sós a meio caminho. Sabem que mais tarde serão entregues a um mercado de dívida pública que os visará um a um“, nota.
“A única forma de evitar essa armadilha é assumir essa divida à escala europeia, havendo varias formas de o fazer”, aponta Sócrates, numa altura em que António Costa assina uma carta, juntamente com outros líderes europeus, a pedir que se avance com as Coronabonds. Alemanha e Holanda estão contra.
Sócrates diz que a “questão política central e urgente é se enfrentamos esta tempestade juntos ou cada um por si”. É neste sentido que diz que a Europa “tem aqui a sua segunda oportunidade. Francamente, não sei se terá outra. E estou a medir as palavras”.
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