Maior corte de sempre no petróleo pode não ser suficiente
Agência Internacional de Energia alerta que diminuição na produção que estará a ser negociada ainda vai deixar a acumular, sem serem vendidos, cerca de 15 milhões de barris de petróleo por dia.
Os maiores produtores mundiais de petróleo estarão a considerar uma estratégia conjunta que passa por cortar 10% da oferta total diária de matéria-prima. As negociações acontecem numa altura em que a procura está a cair a pique devido ao surto de Covid-19, mas poderá não ser suficiente para equilibrar o mercado.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) está a trabalhar num acordo com outros países de fora do cartel, incluindo a Rússia, para cortar 10 milhões de barris por dia. A concretizar-se a notícia avançada por uma fonte da OPEP à Reuters, será o maior corte de sempre do grupo.
A expectativa levou o petróleo a valorizar, esta sexta-feira, nos mercados internacionais. O Brent avança 10% em Londres tendo-se mesmo aproximado dos 35 dólares e o crude WTI sobe 5% e já chegou a tocar os 28,5 dólares por barril.
Estes ganhos seguem-se a valorizações superiores a 25% na última sessão, depois de o presidente dos Estados Unidos Donald Trump ter anunciado que a Arábia Saudita e a Rússia já tinham chegado a acordo. O consenso foi negado pelos russos, mas há uma reunião marcada para a próxima segunda-feira, na qual deverão ser discutidos os pormenores.
Segundo Trump, o cenário em cima da mesa é um de corte de 10 milhões de barris por dia, mas a Agência Internacional de Energia (AIE) já alertou que não chega. Essa diminuição significaria que, ao longo do segundo trimestre, ficariam ainda a acumular, sem serem vendidos, cerca de 15 milhões de barris por dia.
Fatih Birol, diretor executivo da AIE, pediu à OPEP para procurar uma solução para estabilizar o mercado petrolífero com todas as economias do G20, em declarações à Reuters. A agência estima a Covid-19 cause uma quebra na procura por petróleo de até 20 milhões de barris por dia.
Com mais ou menos países, um eventual acordo é necessário para por fim à guerra de preços lançada pela Arábia Saudita e pela Rússia. O desacordo sobre o caminho a seguir devido ao coronavírus gerou um conflito entre as duas potências que pôs fim à estratégia conjunta que estava em vigor há mais de três anos.
Esse acordo limitava a produção de cada um com o objetivo de limitar o excedente do mercado e manter a estabilidade dos preços. Oficialmente, terminou esta terça-feira, mas a perspetiva do fim do acordo foi uma das principais causas para o tombo do petróleo nas últimas semanas.
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