Regulador europeu dos mercados alerta agências a evitar cortes de rating bruscos
A ESMA está a aconselhar as agências de rating a evitarem levar a cabo cortes de rating bruscos, temendo os efeitos que tal poderá ter sobre países e empresas e no agudizar da crise.
O regulador dos mercados europeus teme que eventuais cortes de rating por parte das agências de notação financeira possam agudizar ainda mais o cenário de recessão económica. Por isso, está a aconselhar as agências de notação financeira a evitarem cortes abruptos de avaliação da dívida de Estados e empresas.
O alerta é feito por Steven Maijoor, presidente da ESMA (Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários, na sigla em inglês) que diz ter intensificado as interações com as agências de rating para perceber a forma como estão a responder à crise do Covid-19.
“O timing para as ações de rating deve ser calibrado de forma cautelosa“, aconselhou Steven Maijoor, em declarações citadas pela Reuters, relativamente à atuação de um setor que é dominado por três agências: Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch.
O responsável pelo regulador do mercado europeu de ações disse ainda antecipar um crescimento significativo nos downgrades dos ratings em resultado do impacto do Covid-19 sobre a economia, considerando que a deterioração na qualidade creditícia necessita de ser refletida de forma adequada.
“Mas o importante é o timing entre [as agências] considerarem os riscos mais elevados de ter pior qualidade de crédito e o de não agirem pro-ciclicamente, e assegurarem que o timing desses downgrades é feito de forma apropriada”, alertou.
“Precisam de fazer isso de forma independente [relativamente às agências]. Não podemos e não devemos interferir nos processos de rating em concreto”, acrescentou ainda Maijoor.
O alerta do responsável da ESMA surge numa altura em que, além dos problemas de saúde e económicos, emerge a preocupação de que possa surgir uma onda de revisões em baixa dos ratings, apesar de as agências sublinharem o caráter temporário dos choques resultantes da pandemia.
Ainda recentemente o Citigroup salientou que uma quebra de 30% nos resultados pode causar revisões em baixa de 25% das empresas globais que estão no último nível de grau de investimento. Ou seja, que passarão a ser avaliadas como investimento especulativo. Já a Fitch antecipou para 2020 a maior onda de descidas nas avaliações desde 2009, ou seja, durante a crise financeira, devido aos efeitos da combinação entre o impacto económico do coronavírus e as respostas políticas a essa realidade.
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