Liberty Mutual sob protesto crescente para sair dos combustíveis fósseis

  • ECO Seguros
  • 12 Abril 2020

Organizações de defesa do planeta e os próprios segurados não poupam críticas à Liberty Mutual porque a seguradora teima em proteger empresas que exploram ou operam com combustíveis fósseis.

A Liberty Mutual, no âmbito da reunião geral de acionistas realizada na primeira semana de abril, recusou-se a responder às perguntas dos segurados sobre o seu papel na indústria das areias pesadas, acusa a organização ambientalista sem fins lucrativos Stand.earth.

“O gigante dos seguros não incluiu tempo nem espaço para os segurados falarem ou votarem durante a reunião virtual, que durou os seis minutos”, afirmou a organização de defesa do planeta.

“A reunião de hoje confirma que a Liberty Mutual ainda não inverteu as suas decisões imprudentes de segurar o altamente controverso oleoduto Trans Mountain e Keystone XL, de areais betuminosas”, afirmou Randi Mail, coordenador da área de seguros da Rainforest Action Network.

“Mais de 50.000 pessoas apelam à empresa para que desista da cobertura destes oleodutos e exclua totalmente o perigoso setor das areias de asfalto, sobretudo porque as empresas de combustíveis fósseis avançam com a construção de oleodutos no meio de uma pandemia. Seguradoras como a Liberty Mutual devem proteger a sociedade contra os riscos climáticos, não exacerbá-los”, proclamou Randi Mail.

A Liberty Mutual, sediada em Boston, no Massachusetts (EUA), como outras seguradoras (Berkshire Hathaway e AIG, entre outras), tem estado sob forte pressão por tardar na desvinculação de indústrias poluentes e dar respostas efetivas em prol das energias limpas. Outras, como Allianz, Axa, Aviva, Zurich e Swiss Re, já o fizeram ou estão a implementar estratégias no sentido de ajudar a remediar a crise climática.

Um artigo abrangente sobre o tema no Bulletin of Atomic Scientists augura que a indústria do carvão está em processo de colapso mais acelerado do que muitos previam. A pressão para que isso aconteça é cada vez mais evidente no setor financeiro, onde as instituições vão subscrevendo cartas de ‘compromisso verde’. Citado numa análise da Unfriend Coal, uma plataforma apoiada pela Greenpeace e outras organizações, Peter Brosshard, coordenador da iniciativa, afirma perentoriamente que o carvão está a caminho de se tornar um ativo “não segurável”.

Em dezembro 2019, a seguradora de Boston deu sinal positivo, anunciando a redução de negócios com as empresas do setor do carvão. No entanto, continua a segurar novos projetos de carvão e não restringe negócios com os setores do petróleo e do gás, sugerem os ativistas. A Rainforest Action Network acusa igualmente a Liberty de ser “um dos principais financiadores” do setor das areias asfálticas, uma alternativa de produção de petróleo particularmente intensiva em carbono.

As opções da seguradora norte-americana têm motivado críticas não só de grupos de ativistas contra as alterações climáticas, como de grupos de defesa dos direitos das populações indígenas.

“Companhias de seguros como a Liberty Mutual estão a apoiar empresas de energia suja, responsáveis pela profanação e contaminação dos nossos ecossistemas e das nossas fontes alimentares, acabando por destruir os nossos direitos inerentes e tratados como povos indígenas”, afirmou Nigel Henri Robinson, membro das nações indígenas do Lago Frio, em Alberta (Canadá). Ali, o envolvimento dos jovens lidera a Indigenous Climate Action.

Muitos segurados também apelaram à seguradora originária do Massachusetts para que abandone as indústrias de combustíveis fósseis, notou a Stand.earth.

O grupo Liberty Mutual é mais do que centenário. Considerada a quinta maior seguradora do mundo no negócio P&C (ramo propriedade e danos) por volume de prémios em 2018, a companhia emprega mais de 45 mil pessoas e está presente em 29 países, tendo fechado o exercício de 2019 com cerca de 43,2 mil milhões de dólares em receitas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Liberty Mutual sob protesto crescente para sair dos combustíveis fósseis

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião