2016 foi mau? Não sejam parvos
O ano de 2016 foi complicado, mas que tal falarmos de coisas boas? Está na hora de valorizarmos o que é nosso e de percebermos que só depende de nós próprios que 2017 seja um grande ano.
Eu compreendo que este tenha sido um ano complicado. Na música, levou-nos o Leonard Cohen, o David Bowie, o George Michael e o Prince. Na política, deu-nos o Trump e continuou a Geringonça. Como em todos os anos, aconteceram grandes tragédias e partiram pessoas que admirávamos.
Mas, e que tal falarmos das coisas boas? Temos mesmo esta necessidade de ver o copo sempre meio vazio? Que coisa é esta, tão portuguesa, que nos obriga a ver a vida de um modo tão carrancudo? Se um dos sete anões da Branca de Neve fosse português, certamente que seria o Zangado.
Olhemos antes para o outro lado da moeda. Este também foi o ano em que finalmente ganhámos o Europeu de Futebol (em França e aos franceses!) e em que o Ronaldo ganhou a quarta Bola de Ouro.
Foi também o ano em que a Telma Monteiro ganhou uma medalha olímpica, em que o António Guterres chegou à liderança da ONU e em que Durão Barroso atingiu a presidência de um dos maiores e mais influentes bancos do mundo.
Este foi o ano em que batemos novamente recordes no turismo, em que as nossas universidades voltaram a conseguir grandes feitos nos rankings internacionais, em que acolhemos o Web Summit e em que várias startups nacionais foram notícia lá fora. Foi ainda o ano em que fomos notícia nos quatro cantos do mundo por sermos um país à frente de todos os outros nas energias renováveis.
Ainda não estão satisfeitos? Este foi o ano em que o Cantona, o Louboutin e a Mónica Bellucci descobriram que Portugal é o melhor país do mundo para viver. Há algo melhor do que deixar irritados franceses e italianos? Vá lá, confessem, 2016 não foi assim tão mau.
Até na minha área (Publicidade) 2016 foi bom. O investimento cresceu, o mercado mexeu e as agências nacionais tiveram uma ótima prestação em Cannes. Até a minha agência deu um pequeno contributo para o ego publicitário nacional ao fazer uma campanha da marca Windows para toda a Europa e ao ajudar a criar um festival de publicidade de cariz mundial sediado em Lisboa.
O interessante no meio disto tudo é que nós, portugueses, continuaremos sempre a ser uns parvos que teimam em encontrar defeito em tudo o que é nacional.
O coitado do Guterres foi para a ONU, mas foi mau primeiro-ministro, a seleção nacional ganhou o Euro, mas o Éder teve sorte, o Ronaldo joga ‘p’ra caraças’, mas tem off-shores, a Telma Monteiro é boa judoca, mas é uma quase vira-casacas que quase viu a luz e quase se mudou para Alvalade, o Durão Barroso quer trabalhar, mas devia era estar num lar a jogar à sueca, o Web Summit trouxe muita gente ao nosso país, mas são todos totós e as startups são fixes mas as metalúrgicas é que criam emprego à séria.
Se prova faltasse sobre a forma parva como nos rebaixamos perante o mundo, basta vermos o síndrome que temos quando nos referimos aos nossos emigrantes: o Zé Manel está na Suíça e lá todos têm carros topo de gama com menos de dois anos; a Maria Isabel foi trabalhar para Londres e lá todos comem fora quatro vezes por semana; o António está em Bruxelas e lá os empregos pagam três ou quatro vezes mais do que aqui, e por aí adiante.
Está na hora de olharmos menos para trás e mais para a frente, menos para o lado e mais para nós. Está na hora de valorizarmos o que é nosso e de percebermos uma coisa simples: só depende de nós próprios que 2017 seja um grande ano.
Feliz Ano Novo!
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