Economia portuguesa vai encolher 8% este ano, mas recupera 5% em 2021, prevê o FMI
Com a queda prevista pelo FMI, a economia portuguesa vai registar a pior recessão de sempre num só ano e encolher para o nível registado em 2016.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia portuguesa afunde 8% este ano — a maior recessão de sempre num só ano –, recuperando 5% em 2021. Com esta queda abrupta do PIB, a taxa de desemprego vai mais do que duplicar, passando de 6,5% em 2019 para os 13,9% em 2020.
As previsões do FMI foram divulgadas esta terça-feira no World Economic Outlook (WEO) de abril que apelida esta crise de “O Grande Isolamento” (“The Great Lockdown”). “É muito provável que este ano a economia mundial experiencie a sua pior recessão desde a Grande Depressão, ultrapassando a que se registou durante a crise financeira mundial há uma década. Prevê-se que O Grande Isolamento, como lhe podemos chamar, reduza o crescimento mundial de forma dramática”, escreve Gita Gopinath, economista-chefe do FMI, no relatório.
A concretizar-se, a queda de 8% do PIB português prevista pelo FMI apagará o crescimento da economia registado em 2017, 2018 e 2019, levando o nível de produção nacional para 2016, abaixo dos valores pré-crise financeira. Em montantes isto significa uma perda de 16,2 mil milhões de euros.
Excetuando o período da troika, é preciso recuar até 2005 para ver um PIB tão baixo quanto o que resultaria de uma recessão de 8% em 2020. Esta análise é feita com o PIB em volume, retirando o efeito de preços para ser comparável a dimensão da economia em diferentes anos.
Para 2021 o FMI prevê uma forte recuperação de 5%, o que a concretizar-se será o maior crescimento do PIB português desde 1990. No entanto, esta recuperação ainda deixará o PIB aquém dos níveis de 2019, ficando a meio caminho de conseguir chegar ao nível de 2018. Ou seja, seria preciso mais tempo para recuperar, mas as previsões do FMI vão só até 2021 pelo que não é possível saber quando a recuperação se completaria.
Quanto à inflação, o FMI prevê uma queda dos preços no consumidor de 0,2% em 2020, seguindo-se uma subida de 1,4% em 2021. As contas externas vão melhorar com a balança corrente a passar de um défice de 0,1% do PIB em 2019 para um excedente de 0,3% em 2020, mas a recuperação da economia em 2021 deverá levá-la novamente para um défice de 0,4%.
Estas previsões do Fundo têm como pressuposto que a pandemia irá começar a desvanecer no segundo semestre de 2020, permitindo uma redução gradual das medidas de contenção. Assim, o impacto económico será mais severo no segundo trimestre na maior parte dos países, exceto na China (em que foi no primeiro trimestre).
Grécia, Itália, Espanha e Portugal entre as economias da Zona Euro mais afetadas
Grécia, Itália, Portugal e Espanha serão das economias da Zona Euro mais afetadas pela pandemia em 2020, segundo as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em média, os países que partilham o euro vão registar uma recessão de 7,5% este ano, acima da contração de 3% da economia mundial e de 6,1% nas economias avançadas. Por exemplo: os EUA deverão encolher 5,9% e o Japão 5,2%.
A Grécia será o país da Zona Euro (e da União Europeia) mais afetado em termos económicos pela pandemia dado que o PIB do país deverá cair 10%, apenas dois anos após ter dito adeus à troika, a qual esteve no país quase uma década. O mercado de trabalho grego, que estava em recuperação, voltará assim a ter uma taxa de desemprego superior a 20% (22,3%).
Em segundo lugar está a Itália com uma queda de 9,1%, após vários anos de crescimento anémico. Contudo, o impacto desta contração abrupta do PIB no mercado de trabalho não será tão forte como em Portugal ou na Grécia: a taxa de desemprego italiana deverá subir de 10% em 2019 para 12,7% em 2020.
Dentro da Zona Euro, segue-se a Letónia (-8,6%), a Lituânia (-8,1%) e depois Portugal, Espanha e Eslovénia com uma contração de 8%. Em Espanha, a taxa de desemprego subirá dos já elevados (em termos internacionais) 14,1% em 2019 para os 20,8% em 2020. A recuperação da economia espanhola de 4,3% permitirá a taxa baixar para os 17,5%.
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