Insolvências em Portugal sobem 4% com potencial impacto de mais de 5.100 empregos
Entre janeiro e março deste ano, foram registadas 658 insolvências em Portugal, o que representa um aumento de 4% em relação ao período homólogo e tem um potencial impacto em mais de 5.100 empregos.
O número de empresas insolventes em Portugal aumentou 4% no primeiro trimestre face a igual período do ano passado, totalizando 658, com potencial impacto de mais de 5.100 postos de trabalho, segundo dados divulgados esta quarta-feira pela seguradora Cosec.
“De acordo os dados do último balanço disponibilizado pelas empresas, observou-se no processo de insolvência um potencial impacto de mais de 5.100 postos de trabalho, um volume de negócios superior a 295 milhões de euros”, lê-se na informação divulgada esta quarta-feira pela Cosec em comunicado.
A seguradora acrescenta que cerca de 68% do número de postos de trabalho em risco estão concentrados nas micro e nas pequenas empresas, tendência também observada no que toca ao valor de créditos a fornecedores (84%), “o que reflete o peso destas empresas no total das empresas insolventes, e a sua maior vulnerabilidade face aos desafios do panorama económico atual”.
Nos primeiros três meses deste ano, as microempresas continuam a representar a maioria dos casos de insolvências (65%), uma tendência que, segundo a Cosec, se mantém desde 2009.
Embora com um ligeiro decréscimo (de 23% no primeiro trimestre de 2019 para 21% para o mesmo período deste ano), também o setor dos serviços continua a liderar em número de insolvências, com 136 empresas.
Seguem-se o setor do retalho (15,3%), com um total de 101 empresas insolventes, e o setor da construção (14,9%), com 98.
Na categoria de Empresário em Nome Individual (ENI) registaram-se, nos primeiros três meses deste ano, 95 insolvências.
Em termos geográficos, a Cosec refere que os resultados das insolvências se mantiveram face ao primeiro trimestre do ano passado: o Porto apresenta o maior número (23,4%, contra 28,5% no primeiro trimestre de 2019), seguido de Lisboa (18,5%, contra 18,1%) e do distrito de Braga (13,4%, contra 12,2%).
Já os distritos de Beja, Portalegre e Évora continuaram a registar o menor número de insolvências, com um total de 16 casos registados.
No primeiro trimestre deste ano, foram criadas em Portugal 11.939 empresas, o que representa um decréscimo de 25% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
“Continuaram na liderança os setores dos serviços (2.976 empresas), construção (1.398) e retalho (1.366). Lisboa (3.931 empresas), Porto (2.201), Setúbal (896) e Braga (874) mantiveram-se como os distritos onde se registaram um maior número de novas empresas”, segundo a informação divulgada pela Cosec.
No período em análise, os pedidos de Processo Especial de Revitalização (PER) diminuíram 20% (foram 102, contra os 127 registados nos primeiros três meses de 2019) e 40% foram solicitados por micro ou pequenas empresas.
Os setores que registaram o maior número de pedidos de acesso a este mecanismo foram os serviços (15 empresas), a alimentação (14) e a construção (13).
A nível global, a Euler Hermes, acionista da Cosec, estima um aumento de 14% das insolvências em todo o mundo este ano.
“Se já se antecipava uma desaceleração económica internacional, embora em muito menor escala, a epidemia de Covid-19 reforçou tendência”, afirma a Cosec.
A seguradora afirma que, “apesar das intervenções dos governos para apoiar empresas […], que deverão ajudar a limitar os danos, o atual contexto de bloqueio da economia poderá levar à falência cerca de 7% das PME [pequenas e médias empresas] e ‘midcaps’ da zona euro – cerca de 13 mil negócios”.
Assim, continua, “10% do total de empresas em risco estão em França, perto de 9% na Alemanha, 8% na Bélgica, 6% em Espanha e 5% em Itália”.
A Euler Hermes estima que as insolvências vão aumentar principalmente em Itália (+18%), Espanha (+17%) e Holanda (+21%) e os setores que correm “maior risco” são a construção, o setor agroalimentar e o dos serviços.
“Consequentemente, esta pausa na atividade económica coloca 65 milhões de empregos em risco ou a precisarem de apoio dos governos”, conclui.
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