Projeto para detetar vírus nas águas residuais arranca esta segunda-feira
O projeto de investigação, Covidetect, vai permitir criar um sistema de alerta precoce à presença do novo coronavírus, que provoca a doença covid-19.
As águas residuais vão começar a ser testadas para detetar a presença do novo coronavírus e permitir alertar antes mesmo da sua propagação na comunidade, um projeto que começa a ser desenvolvido esta segunda-feira.
O projeto de investigação, Covidetect, vai permitir criar um sistema de alerta precoce à presença do novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, e contribui “para melhorar a resposta face a eventuais novos surtos de doença”, de acordo com um comunicado divulgado esta segunda-feira pelo Ministério do Ambiente e Ação Climática (MAAC). Já considerado prioritário pelo MAAC, o projeto é coordenado pela AdP – Águas de Portugal.
A previsão, diz o MAAC, é que o projeto tenha uma primeira fase de desenvolvimento e validação do método de cerca de um mês, seguindo-se a monitorização de cinco Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) durante os seis meses seguintes. Ao mesmo tempo é feita “a modelação eco-epidemiológica das cargas virais e sequenciação dos genomas de SARS-CoV-2 presentes nas águas residuais”.
Explica-se no comunicado que o que se vai criar é uma ferramenta de deteção, quantificação, caracterização e modelação do vírus através da análise em ETAR. E tal decorre “da evidência da excreção fecal (não se descartando a excreção urinária) do agente etiológico da Covid-19 em indivíduos infetados”.
O Governo entende que a monitorização regular da presença do coronavírus SARS-CoV-2, em efluentes nos locais dos hospitais de referência para doenças infecciosas e de maior densidade populacional, “possibilitará conhecer o perfil de contaminação das águas residuais com material genético do vírus e sua relação com o número de infetados conhecidos”.
Porque é impossível testar toda a população a monitorização das ETAR pode ser uma “importante ferramenta” de alerta precoce da presença do covid-19 e sua disseminação numa determinada comunidade. A informação recolhida é depois transferida para as autoridades competentes e contribui “para melhorar a capacidade de preparação e de resposta do país face a eventuais novos surtos”, diz o Governo.
Além da AdP fazem parte do consórcio que vai desenvolver o projeto a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (que assegura a coordenação científica do projeto e as atividades de modelação da dinâmica de SARS-CoV-2 na rede de saneamento, modelação eco-epidemiológica e reconstrução dos genomas virais), o Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa (desenvolvimento das metodologias para a deteção e quantificação do SARS-CoV-2 nas águas residuais), a Águas do Tejo Atlântico (gestora de saneamento de uma das principais áreas metropolitanas do país), e a Direção-Geral da Saúde.
Também estão representadas a EPAL, a Águas do Norte e a SIMDOURO. A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 165 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, morreram 735 pessoas das 20.863 registadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde. A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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