Petróleo afunda 20% para 20 dólares em Londres. Em Nova Iorque, está abaixo de zero

Após um dia histórico nos mercados financeiros, o petróleo continua sob forte pressão. Os contratos de futuros para maio do WTI atingem o prazo, numa altura em que o armazenamento está no limite.

O petróleo está sob forte pressão pelo segundo dia consecutivo. Após ter sido feita história em Wall Street com o crude WTI a entrar em terreno negativo esta segunda-feira, a matéria-prima mantém-se em valores abaixo de zero em Nova Iorque. Já em Londres, afunda 20% para apenas 20 dólares.

Pela primeira vez, o WTI negociou abaixo de zero e chegou a tocar -40 dólares. Apesar de o movimento inédito ser visto como um efeito técnico (causado pelo fim do prazo de um contrato de futuros), é também sintomático da dimensão do excesso de petróleo no mercado.

“Sempre pensei no petróleo um pouco como a moeda: é reserva de valor, é controlado por líderes mundiais e faz girar o mundo”, diz Gregory Perdon, Co-Chief Investment Officer da Arbuthnot Latham, à Reuters.

“Mas ontem foi uma chamada de atenção e os investidores seriam negligentes em ignorar que petróleo mais barato significa menor inflação, mais incumprimentos, menor crescimento e mais instabilidade política“, sublinha.

Esse sentimento negativo está a alastrar. Após pouco tempo em terreno positivo, o crude WTI voltou a valores negativos: apesar de subir 79,7% para -7,7 dólares por barril. Já o Brent negociado em Londres afunda 20%, tendo já chegado a tocar nos 18 dólares, no valor mais baixo em mais de duas décadas.

Brent afunda à boleia do WTI

O trigger para estas desvalorizações foi o contrato de futuros do WTI para entrega em maio, que atinge a maturidade esta terça-feira. À medida que os contratos de futuros se aproximam do vencimento, perdem liquidez já que muitos investidores não querem realmente comprar a mercadoria, mas apenas negociá-la ou especular sobre o preço.

Na prática, se os investidores não vendessem o contrato, teriam de ficar com a matéria-prima. Normalmente, vendem-no a quem queira realmente o petróleo, mas, neste caso, o excedente no mercado impediu esse normal funcionamento.

Há 160 milhões de barris que ninguém quer comprar e estão estacionados por todo o mundo, enquanto grande parte da população global está fechada em casa sem precisar de consumir combustíveis. Com a capacidade de armazenamento a atingir o limite, os custos agravam-se.

(Notícia atualizada às 11h00)

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