Lucro da Galp afunda 72% para 29 milhões até março. Cede à “diminuição abrupta” dos preços do petróleo
Apesar do aumento da produção de petróleo registado nos primeiros três meses do ano, os resultados da Galp cederam à "diminuição abrupta" dos preços da matéria-prima.
A queda das cotações do petróleo levou os resultados da Galp Energia a mergulharem no primeiro trimestre. O lucro da petrolífera tombou 72%, para 29 milhões de euros nos três primeiros meses do ano.
A Galp fechou o primeiro trimestre deste ano com um resultado líquido RCA — que exclui eventos não recorrentes — de 29 milhões de euros, uma descida de 72% face os 103 milhões de euros registados no mesmo período do ano passado.
Já o resultado líquido IFRS foi negativo em 257 milhões de euros, degradando-se face aos oito milhões negativos verificados no mesmo período do ano passado, com a empresa liderada por Carlos Gomes da Silva a justificar a quebra com “um efeito de stock de -278 milhões de euros resultante do declínio acentuado dos preços das commodities durante o período”.
O EBITDA consolidado caiu 5%, em termos homólogos, para 469 milhões de euros, penalizado pela atividade de upstream. Nesse segmento, o EBITDA caiu 24%, para 286 milhões de euros, “impactado pela diminuição abrupta dos preços do petróleo no período”, volta a frisar a companhia.
Para a empresa liderada por Carlos Gomes da Silva, os primeiros três meses do ano ficaram marcados por um aumento de 17% da produção de petróleo e gás natural, para 131,4 mil barris diários, com o apoio da atividade de exploração petrolífera no Brasil e também em Angola, com a Galp a destacar o “aumento da contribuição de Lula e o ramp-up da FPSO alocado à área de Berbigão/Sururu, assim como pela maior contribuição do projeto de kaombo no bloco 32, em Angola”.
Por sua vez, na área de refinação e distribuição, os resultados operacionais cresceram de 64 milhões, para 90 milhões de euros, em termos homólogos, nos três primeiros meses deste ano, “com a contribuição do midstream [distribuição] a compensar o menor desempenho da atividade de refinação”.
A petrolífera explica que a sua margem de refinação diminuiu dos 2,3 dólares/barril no primeiro trimestre do ano passado, para 1,9 dólares/barril nos três primeiros meses de 2020, “tendo sido impactada pelo desafiante contexto de refinação e pelas atividades de manutenção planeada desempenhadas no hydrocracker da refinaria de Sines”.
Já as vendas de produtos petrolíferos diminuíam 13% em termos homólogos, com a petrolífera a explicar que essa quebra reflete a “menor procura na maioria dos segmentos na Ibéria durante março, resultante das medidas de controlo sobre o surto de Covid-19”. Ainda assim, o resultado operacional nesta área foi de 90 milhões de euros, manteve-se “estável, maioritariamente devido à contribuição das atividades em Espanha”.
A Galp Energia dá ainda nota que o seu investimento total ascendeu a 144 milhões de euros durante o trimestre, dos quais 72% foram alocados ao negócio de Upstream, maioritariamente no bloco BM-S-11 e em Moçambique. Já a dívida líquida da petrolífera baixou em 107 milhões para 1,496 mil milhões de euros, entre o primeiro trimestre do ano passado e este ano, apesar de face ao final de 2019 se ter registado um acréscimo de 61 milhões de euros.
Galp corta investimento e despesas em 500 milhões ao ano
Face aos efeitos resultantes da quebra das cotações do petróleo e às consequências antecipadas devido à pandemia, a Galp Energia decidiu avançar com cortes de investimento e despesas.
Nesse sentido, espera que as despesas operacionais e de investimento sejam reduzidas em mais de 500 milhões de euros por ano durante 2020 e 2021, pelo que as estimativas de investimento líquido são agora de uma média de 500 milhões de euros a 700 milhões de euros por ano, “valores que poderão ser ajustados conforme a evolução das condições do mercado”.
A Galp Energia antecipa ainda que o free cash flow deverá ser neutro e o preço do brent deverá ser de cerca de 20 dólares/barril. Acrescenta contudo que irá atualizar as suas projeções sempre que for oportuno.
(Notícia atualizada)
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