Autoeuropa reabre hoje. Maiores exportadoras preparam retoma

Perante a pandemia, as empresas avançam com medidas. A Galp parou Matosinhos e Sines, a Autoeuropa está parada há cerca de cinco semanas e a Navigator cortou a produção.

A pandemia está a ter um impacto em muitas empresas, e as principais exportadoras portuguesas não escaparam. A Galp parou Matosinhos e Sines, Autoeuropa parada há cerca de cinco semanas, a Navigator cortou a produção. Ainda assim, há empresas que já estão a voltar ao trabalho, apesar de ser de forma gradual.

A maior exportadora do país, lugar conquistado no ano passado depois de registar um recorde de produção à boleia do sucesso do T-Roc, é a fábrica de Palmela da Autoeuropa. A unidade fabril da marca alemã que foi o motor das exportações em 2019 está parada há cerca de cinco semanas, desde 17 de março. A abertura da fábrica está prevista para esta segunda-feira, 27 de abril, sendo que deverá ser uma retoma gradual.

Já a Petrogal, empresa do universo Galp que foi em anos anteriores número um na lista de exportadoras nacionais, também enfrenta paragens nas suas unidades. No início de abril foi decido o encerramento da refinaria de Matosinhos face aos “constrangimentos no mercado nacional e internacional”. Depois, a Galp decidiu encerrar por um mês a refinaria de Sines, porque a capacidade de armazenagem está a chegar ao limite. A paragem vai começar a 4 de maio e está prevista durar um mês.

A pandemia de coronavírus provocou uma quebra na procura de vários setores, chegando também ao papel. Face a esta situação, a Navigator decidiu suspender a produção de papel em algumas máquinas. A redução das encomendas levou a papeleira a tomar a decisão, inédita na sua história, de reduzir a produção em 700 toneladas por dia. Ou seja, uma quebra de 15% na produção.

A medida, que arranca esta quarta-feira, tem a duração de 30 dias e pode chegar a traduzir-se numa redução de duas mil toneladas diárias. Não vai afetar o rendimento dos trabalhadores nem as fábricas de Aveiro e de Vila Velha de Ródão, que vão continuar a operar dentro da normalidade.

Fábricas começam a retomar atividade

Apesar de a pandemia ter afetado a produção de grande parte das maiores exportadoras portuguesas, nomeadamente fábricas do setor automóvel, já se está a preparar a retoma. Algumas empresas esperam sinal do Governo, sendo que o estado de emergência dura até 2 de maio, mas o Executivo já adiantou que, se tudo correr como esperado, nesse mês se vai iniciar um regresso gradual à atividade.

Em março, a Bosch fechou a fábrica em Aveiro por falta de matérias-primas que advém de Ovar, concelho onde foi declarado estado de calamidade pública e onde outra unidade fabril da empresa também encerrou. Três dias depois, a empresa anunciou que iria também fechar a fábrica em Braga. Na semana passada, as três fábricas já retomaram a produção, e 5.000 empregados voltaram ao trabalho.

A produtora de pneus Continental Mabor em Famalicão também decidiu, em março, suspender a produção. Já a unidade industrial da Continental, em Vila Real, reduziu a força de trabalho para cerca de um terço. Na semana passada, a fábrica em Famalicão reabriu as portas, mas a meio gás. Apenas metade da equipa está a laborar, sendo que os 2.300 colaboradores vão trabalhar por equipas durante quinze dias.

“A fábrica vai funcionar de segunda a sexta-feira com três turnos durante a semana e com metade da equipa a laborar durante 15 dias, sendo que a outra equipa trabalhará nos 15 dias seguintes”, explicou ao ECO fonte oficial da Continental Mabor, na altura.

Já a fábrica da PSA em Mangualde decidiu fechar as portas em Portugal a 18 de março. Na passada quinta-feira, o grupo sinalizou que se preparava para retomar a atividade. No entanto, esta terça-feira o centro de produção de Mangualde admitiu que está dependente da “liberalização” do Governo para retomar a atividade, não tendo ainda uma data, que será também definida com os trabalhadores. Entretanto, a fábrica já tem regras de segurança para o regresso dos colaboradores.

Empresas recorrem a lay-off e despedimentos

Face a situação, algumas empresas optam por medidas que afetam os trabalhadores. Faurecia, empresa de componentes automóveis instalada no Parque Industrial da Autoeuropa, decidiu, no final do mês passado, avançar para o regime de lay-off, a 178 trabalhadores. Ainda assim, a empresa garantiu os 520 postos de trabalho da fábrica, apesar da pandemia Covid-19, de acordo com a Comissão de Trabalhadores.

Já a Visteon figurava numa lista elaborada pela CGTP, em março, que seguiu para a Autoridade para as Condições do Trabalho e para a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, onde o sindicato denunciava despedimentos. Segundo a central sindical, a Visteon despediu 50 trabalhadores.

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