SAD têm 131 milhões por refinanciar no retalho este ano e no próximo. Benfica já começou a pagar, Porto quer adiar

Os encarnados eram o clube com mais dívida de retalho e já começaram a pagar. O Porto quer adiar o pagamento, enquanto o Sporting só têm de o fazer em 2021. No total, são 131 milhões de euros.

Há anos que as sociedades anónimas desportivas (SAD) têm recorrido à emissão de dívida de retalho para se financiarem. E o procedimento é relativamente simples: quando chega a altura de pagar aos investidores, emitem novas obrigações, aproveitando o ímpeto sentimental que faz disparar a procura dos adeptos por dívida dos clubes desportivos. Só que, desta vez, a pandemia de Covid-19 lançou o pânico e limitou a liquidez do mercado obrigacionista, deixando milhares de euros dos pequenos investidores em risco.

Já tinha acontecido ao Sporting (que em 2018 pediu o adiamento de um reembolso porque a situação financeira difícil impedia-o de se financiar no mercado) e agora está a acontecer ao Porto devido ao Covid-19. Os azuis e brancos convocaram este domingo uma assembleia geral de titulares de obrigações denominadas “FC PORTO SAD 2017-2020” para pedir o adiamento do pagamento que estava previsto para junho deste ano.

"O que faríamos normalmente seria o lançamento de um novo empréstimo obrigacionista no mesmo valor e com a mesma taxa [4,5%], que é bastante boa. Já fizemos sete e sempre tivemos procura bastante superior à oferta. […] Mas entendemos que o momento é demasiado incerto para tentarmos essa operação.”

Fernando Gomes

Administrador financeiro do FC Porto, em declarações a O Jogo

São 35 milhões de euros em obrigações, que pagam um juro bruto de 4,29% e cujo reembolso estava previsto para o próximo dia 9 de junho de 2020. É esta data que a SAD liderada por Pinto da Costa quer adiar em um ano, prometendo agora fazer o reembolso a 9 de junho de 2021, justificando que não há condições de mercado para lançar uma nova emissão.

Caso diferente é o dos encarnados. O clube chegou à pandemia de Covid-19 com cerca de 70 milhões de euros em reembolsos para fazer entre 2020 e 2021. O primeiro prazo foi na sexta-feira passada: a 24 de abril atingiram a maturidade 50 milhões de euros em obrigações da linha “BENFICA SAD 2017-2020”. Esta é única parte que já está garantida do total de 131 milhões de euros em obrigações de retalho com que os clubes entraram na pandemia. Não só o Benfica os reembolsou como garantiu a solidez do clube.

"Qualquer que seja o impacto [da pandemia], os nossos resultados serão naturalmente sempre positivos, e até diria, muito provavelmente, um dos melhores resultados da história da SAD do Benfica.”

Domingos Soares de Oliveira

CFO do Benfica, em entrevista à Benfica TV

“Qualquer que seja o impacto [da pandemia], os nossos resultados serão naturalmente sempre positivos, e até diria, muito provavelmente, um dos melhores resultados da história da SAD do Benfica“, disse Domingos Soares de Oliveira, CFO do Benfica, em entrevista à Benfica TV. Sublinhou que, após o reembolso, o clube continua “com uma posição de caixa extremamente favorável e positiva”.

Benfica e Sporting só em 2021

Assim, o próximo prazo é só em 2021 e até este já foi reduzido. No final do ano passado, o clube decidiu usar dinheiro em caixa para reembolsar antecipadamente 25 milhões de euros aos obrigacionistas, deixando em aberto pagar mais cedo a restante parte destes títulos: 20 milhões de euros em títulos que atingem a maturidade só no próximo ano.

É também apenas em 2021 que o Sporting terá de enfrentar o mercado. Depois de um empréstimo obrigacionista conseguido a custo — que ficou abaixo do valor pretendido e que obrigou o clube a adiar o prazo de reembolso da emissão anterior em seis meses –, há 25,9 milhões de euros em obrigações que atingem a maturidade em 26 de novembro de 2021.

Até lá, é com os bancos que o Sporting terá de lidar. O clube — o único dos três grandes que têm os trabalhadores em lay-off — continua a braços com a reestruturação de dívida bancária junto do Novo Banco e do BCP, tendo durante as negociações pedido um outro empréstimo ao fundo Apollo, a quem cedeu receitas dos direitos televisivos da Nos.

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