Mais de 90% dos lojistas não paga rendas desde encerramento
Mais de 90% dos lojistas que operam sobre 100 marcas não pagam rendas desde o encerramento dos estabelecimentos devido à pandemia, divulgou uma associação.
Mais de 90% dos lojistas que operam sobre 100 marcas não pagam rendas desde o encerramento dos estabelecimentos devido à pandemia, divulgou esta quarta-feira a recém-criada Associação de Marcas de Retalho e Restauração. De acordo com o inquérito feito a empresas detentoras de mais de 2.000 lojas nos centros comerciais em Portugal, “91% dos inquiridos não paga rendas desde o encerramento dos estabelecimentos, em 15 de março”. Mais de metade (55,1%) “suspendeu os pagamentos a fornecedores, uma vez que durante este período as receitas foram inexistentes”, refere a entidade.
“O panorama é muito preocupante e a associação vem alertar que a esmagadora maioria dos associados não tem condições financeiras para se manter além do mês de julho“, alerta a associação, que em abril escreveu uma carta ao ministro da Economia a propor soluções para o setor, como o ECO revelou em primeira mão.
“Apenas 7,3% dos associados tem meios para evitar uma insolvência nos próximos 12 meses”, refere o inquérito, sendo que “80,5% dos associados afirma que a sobrevivência depende de três fatores: comportamento do mercado, negociação com os centros comerciais e apoios do Governo (prorrogação do lay-off).
A associação defendeu a partilha de riscos entre arrendatários e senhorios ou o congelamento de contratos de arrendamento, para evitar uma “onda de falências”. A maioria dos inquiridos “é pequena operadora, com uma a cinco lojas (51%), e que se veem a braços com a tarefa hercúlea de fazer frente à crise sem ter que recorrer a despedimentos”, salienta a associação.
Mais de dois terços (79%) das empresas inquiridas não despediram qualquer trabalhador e 14% têm salários em atraso, refere o inquérito. Este setor representa mais de 100 mil postos de trabalho e um volume de negócios superior a 10 mil milhões de euros, refere a entidade.
“Os resultados deste inquérito ilustram que todo o setor concorda com o que até aqui temos vindo a defender. Reforçamos — é absolutamente necessário e urgente que o Governo legisle sobre a necessidade de carência das rendas no período de encerramento total ou parcial da atividade, caso contrário não há condições para a sobrevivência das nossas empresas, nem mesmo com a retoma gradual”, refere o porta-voz e um dos fundadores da associação, Miguel Pina Martins (Science4you).
A associação defende que é “urgente” que o Governo adote nove medidas, entre as quais, a flexibilização das rendas durante o período de encerramento forçado e período subsequente, IVA em prestações e prorrogação do lay-off. A entidade representa marcas como Science4you, Loja das Meias, A Padaria Portuguesa, Sacoor Brothers, Toys’R’Us, Parfois, entre outras.
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