Portugal tem a 4ª luz e gás mais caros da Europa
O preço da luz baixou quase 5% em Portugal. Ainda assim, o país está no top dos mais caros. A culpa é dos impostos, diz a ERSE, que pesam 49% na fatura. A maior fatia vai para os CMEC e renováveis.
Portugal teve no segundo semestre de 2019 a quarta eletricidade mais cara da União Europeia para consumo doméstico, em termos de poder de compra das famílias, diz o último boletim do Eurostat, divulgado esta quinta-feira. Já o gás também é o quarto mais caro da Europa, depois da Espanha, Suécia e Itália.
O gabinete de estatísticas de Bruxelas fez as contas à fatura da luz ajustando os preços a uma fórmula que elimina as diferenças entre os países (paridade de poder de compra) e revela agora que os portugueses foram os que mais pagaram pela eletricidade consumida a seguir à Roménia, Alemanha e Espanha.
Em média, as famílias portuguesas pagaram 21,8 euros por 100 kWh de eletricidade no segundo semestre de 2019. Considerando apenas este valor, a fatura nacional cai para a oitava mais cara entre os europeus.
No entanto, por comparação com igual período de 2018, é possível constatar, diz o Eurostat, que os preços da eletricidade baixaram 4,9% em Portugal. Foi o terceiro país da UE onde o preço da luz mais baixou, depois da Dinamarca (-6,3%) e da Grécia (-5,8%). Em média, os preços da luz na UE subiram 1,3% para os 21,6 euros por 100 kWh, em linha com a inflação.
Apesar da descida, o país continua no top dos mais caros. A culpa é dos impostos que pesam 49% na fatura, diz a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) numa nota explicativa divulgada esta quarta-feira. A maior fatia vai para os CMEC (custos para a manutenção do equilíbrio contratual), produção em regime especial (renováveis), custos de natureza ambiental, tarifa social, entre muitas outras parcelas somadas na conta da luz.
A ERSE sublinha que “Portugal está entre os países em que a componente de energia e redes é menor” na UE. Isto porque “os CIEG [custos de interesse económico geral], que incluem esta componente de taxas e impostos, representam para Portugal cerca de 30% do preço total pago pelos consumidores”, explica o regulador.
De acordo com o Eurostat, a eletricidade mais cara foi registada na Dinamarca (29,2 euros por 100 kWh), Alemanha (28,7 euros) e Bélgica (28,6 euros), com a média europeia muito abaixo desses valores, a rondar os 21,6 euros.
No extremo oposto, a eletricidade é mais barata na Bulgária (9,6 euros por 100kWh), Hungria (11 euros) e Lituânia (12,5 euros).
Finlândia, Luxemburgo, Malta, França, Suécia, Estónia, Hungria e Países Baixos são os países onde a fatura menos pesa face ao orçamento familia, face ao poder de compra.
Gás português é o 4º mais caro, olhando para o poder de compra
Em termos de paridade do poder de compra, o gás é mais barato no Luxemburgo, Letónia, Bélgica, Alemanha, Hungria, Estónia e Dinamarca. E mais caro em Espanha, Suécia, Itália, Portugal e Bulgária.
Em média, 100 kWh custaram aos europeus 7,2 euros por 100 kWh no segundo semestre de 2019, pouco abaixo do que pagaram os portugueses (7,8 euros por 100 kWh, ou seja -1% face ao período homólogo), com os impostos a representarem por cá uma fatia de 24% da fatura.
Também no gás, e comparando apenas as componentes de energia e redes para o consumidor mais representativo em Portugal, “observa-se que os preços em Portugal são inferiores aos de Espanha e aos da União Europeia e da Área do Euro”, diz a ERSE.
A Dinamarca é o país europeu que mais paga taxas e impostos na conta do gás (60% do preço), com a Grécia no extremo oposto (8%). A média europeia está nos 31%.
No que diz respeito a variações do preço do gás, a Letónia foi o país onde este valor mais desceu entre junho e dezembro de 2019 (-22%) e Espanha o que mais aumentou (+16,7%).
Notícia atualizada
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