Cereja do Fundão arrisca prejuízos de oito milhões com quebra na produção. Aposta nas entregas ao domicílio

  • Lusa
  • 11 Maio 2020

O Fundão vai lançar um serviço de entrega de cerejas ao domicílio num contexto de prejuízos por causa da queda de 70% na produção. Em causa estiveram as condições meteorológicas adversas e a pandemia.

As quebras de cerca de 70% na produção de cereja do Fundão, devido a condições meteorológicas adversas, vão causar um prejuízo direto de cerca de oito milhões de euros, disse o presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes.

“Se pensarmos que, em anos normais, a componente ‘pura e dura’ da comercialização de cereja pode andar na casa dos 12/13 milhões de euros, podemos estar a falar cerca de oito milhões de euros de perda. Estamos a falar de facto de uma perda muito significativa”, apontou o presidente deste município do distrito de Castelo Branco. O autarca falava na conferência de imprensa de apresentação da campanha “Cereja do Fundão 2020”, que irá apostar no marketing digital como o objetivo de continuar a alargar a notoriedade e a rentabilização deste produto.

A apanha do fruto já começou e este ano será condicionada, não só pelas circunstâncias causadas pela pandemia (foram adotadas novas medidas de proteção), mas, sobretudo, pelas “elevadas perdas” registadas devido às condições meteorológicas “muito adversas”, que ocorreram entre finais de março e início de abril. “Inicialmente apontámos para uma quebra de cerca 50%, mas os últimos números apontam para cerca de 70%”, especificou Paulo Fernandes. A produção de cereja neste concelho estará assim reduzida a pouco mais de duas mil toneladas, quando noutros anos ronda as sete mil.

Sublinhando a preocupação com a situação, Paulo Fernandes recordou ainda que mesmo que haja alguma rentabilização do produto, tal “nunca vai compensará” as perdas elevadas que os produtores vão registar. Além disso, lembrou, os impactos negativos serão ainda mais elevados e abrangentes se as contas englobarem todo o investimento que gira à volta da fileira de cereja, criando uma economia que valerá cerca de 20 milhões de euros anuais, neste concelho. Estas questões serão também apresentadas à tutela numa visita que a ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, deverá fazer ao concelho no dia 22.

O Fundão tem entre 2.000 a 2.500 hectares de pomares de cerejeiras e é considerada a principal zona de produção de cereja a nível nacional. Em março, a Comissão Europeia aprovou o pedido para que a “Cereja do Fundão” seja um produto de Indicação Geográfica Protegida.

Cereja do Fundão vai chegar à porta dos clientes em todo o país

Neste contexto, o Fundão vai lançar um serviço de entregas de cereja diretamente à porta do cliente, que abrangerá todo o país e que visa minimizar os impactos que ao Covid-19 possa ter nos mercados. “Queremos garantir que não haja ninguém que fique sem poder receber as suas cerejas, mesmo estando em casa. Ou seja, cada um poderá receber as suas cerejas sem sair de casa”, apontou hoje o presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, em conferência de imprensa.

As encomendas podem ser feitas através de email, loja online, redes sociais e de uma linha telefónica, a partir de um limite mínimo de dois quilos. A aposta é dinamizada no âmbito da campanha de promoção para 2020, que conta com um orçamento de 70 mil euros e que é concertada e cofinanciada entre a Câmara do Fundão e o conselho consultivo que foi criado para gerir a Indicação Geográfica Protegida (IGP) “Cereja do Fundão”, selo recentemente atribuído pela União Europeia.

Devido à situação de pandemia, a campanha deste ano será essencialmente baseada no marketing digital e contará com algumas ações ‘online’, bem como na promoção dos mercados curtos, com destaque para a entrega diretamente na casa dos consumidores.

Esta distribuição será feita por meios próprios de transporte e de um serviço específico dos CTT, sendo que a expedição será realizada em dias concretos para garantir uma entrega mais rápida e a qualidade e frescura do produto.

Especificando que os portes de envio já estarão incluídos no preço final e que o cliente saberá sempre do ato da encomenda qual o valor a pagar, Paulo Fernandes ressalvou que pode haver ligeiras variações de uma semana para outra, mas ressalvou que se procurará estabelecer sempre um “preço justo”. Segundo referiu, foi ainda estabelecido um canal de entrega direta a uma rede de mais de 40 mercearias de Lisboa, de modo a acompanhar a tendência de regresso às lojas e mercados de bairro.

Também está programada uma ação de distribuição de cerejas nas cantinas de hospitais nacionais, que decorrerá no dia 10 de junho e que abrangerá as três unidades de saúde da Beira Interior (Guarda, Covilhã e Castelo Branco) e sete hospitais apontados pela Direção Geral da Saúde como as unidades de primeira linha no combate ao Covid-19.

“Será uma forma de mantermos uma das nossas características ações de distribuição e de homenagearmos os profissionais que estão na primeira linha do combate”, apontou o autarca deste município do distrito de Castelo Branco.

Outra das ações previstas é a realização de um leilão online, que está marcado para sexta-feira e que marcará simbolicamente início da campanha deste ano. Do programa consta ainda a iniciativa “#conversas com cerejas”, em que personalidades que têm grande notoriedade e um elevado número de seguidores na rede social Instagram promovem conversas, cujo tema principal será a “Cereja do Fundão”. “São ações que podem ter o potencial de chegar a centenas de milhares de pessoas”, apontou Paulo Fernandes.

Há ações marcadas com Filipa Gomes e Gisela João (20 de maio), com Ana Galvão, Joana Marques e Carla Rocha (21), com António Raminhos e Catarina Raminhos (22), e com Ana Bacalhau e Rita Redshoes (23). Já nos dias 28 e 29 haverá um livecooking online com o chef Martinho Moniz.

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