Dia da Reciclagem. Portugal já reciclou o equivalente ao peso de três pontes Vasco da Gama
Em pouco mais de duas décadas, Portugal separou e enviou para reciclagem mais de 7 milhões de toneladas de resíduos de embalagens, o equivalente ao peso de três pontes Vasco da Gama, diz a SPV.
Este domingo, 17 de maio, comemora-se o Dia Internacional da Reciclagem, um conceito que chegou a Portugal há cerca de 20 anos, quando o chimpanzé Gervásio surgiu nos televisores dos portugueses para ensinar a separar o lixo. Quem não se lembra do desfio, em jeito de provocação, deixada por um dos primeiros anúncios da Sociedade Ponto Verde? “O Gervásio demorou exatamente 1 hora e 12 minutos a aprender a separar as embalagens usadas. E você, de quanto tempo mais é que precisa?”.
Em pouco mais de duas décadas, Portugal separou e enviou para reciclagem mais de 7 milhões de toneladas de resíduos de embalagens, o equivalente ao peso de três Pontes Vasco da Gama, contabiliza a SPV. De acordo com esta entidade gestora de resíduos de embalagens, a recolha seletiva de embalagens cresceu 10% em 2019, por comparação com 2018. No ano passado foram assim encaminhadas para reciclagem mais de 388 mil toneladas de resíduos, com destaque para o aumento de 9% na retoma de vidro e para o crescimento de 5% no plástico. Sublinha-se também o aumento de reciclagem de papel/cartão com mais 14%.
“Estes dados registados em 2019 revelam que Portugal tem estado a seguir um caminho que permite o cumprimento das metas de reciclagem de embalagens. Contudo, consideramos que estes resultados poderão vir a abrandar em 2020, decorrente da fase de pandemia de Covid-19 que o país, e todo o mundo, atravessa”, assinalou Ana Isabel Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde. Também o ministério do Ambiente e Ação Climática (MAAC) já admitiu que “as atuais metas de reciclagem poderão ser prejudicadas” em função das novas regras para a deposição e recolha de lixo instituídas no país por causa da pandemia de Covid-19.
Por seu lado, a entidade gestora de resíduos Novo Verde defende que as metas de reciclagem terão de ser revistas em baixa, para poderem ser cumpridas, enquanto a Sociedade Ponto Verde garante que o sistema de recolha de resíduos está a adaptar-se à “nova realidade”.
Agora foi a vez dos ambientalistas da Quercus sublinharem que a pandemia de Covid-19 provocou um aumento do uso de materiais descartáveis, em que se incluem os equipamentos de proteção individual como luvas e máscaras; os recipientes para acondicionar alimentos, como copos e embalagens, ou ainda diversos materiais de uso único agora exigidos em cabeleireiros e serviços estéticos.
“Em tempos de pandemia, o retorno ao uso de descartáveis é – e será nos próximos tempos – uma realidade inevitável, com elevado impacte ambiental. Para além de se verificar um aumento generalizado da produção de resíduos, é importante notar que muitos destes materiais não são recicláveis, quer por condições técnicas, quer pelo risco de contaminação biológica. O problema é que, muitas vezes, estes materiais são encaminhados para o destino incorreto ou abandonados de forma negligente”, diz a Quercus em comunicado.
A associação apela ao Governo para lançar uma campanha nacional de sensibilização sobre o correto encaminhamento dos resíduos de materiais de proteção individual contra a pandemia de Covid-19 e articular com as autoridades de saúde para verificar a possibilidade de, quando possível, o recurso a materiais reutilizáveis.
Quanto ao serviço de take away e de entregas ao domicílio, adotados por muitos restaurantes, também se refletiu num aumento da utilização de embalagens descartáveis, alerta a Quercus. “Numa altura em que muitos portugueses já tinham começado a abandonar os materiais descartáveis no dia-a-dia, a pandemia da Covid-19 poderá infelizmente significar algum retrocesso a este nível na vida dos Portugueses”.
A propósito do Dia Internacional da Reciclagem, a associação Zero enviou uma carta ao Ministro do Ambiente e Ação Climática com medidas que permitirão, nos próximos anos, a criação no mínimo de mais de 5 mil postos de trabalho diretos e permanentes no setor da reciclagem: 2500 novos empregos na recolha seletiva e triagem de resíduos urbanos; 1000 no tratamento biológico de resíduos urbanos, 500 na reciclagem de resíduos de construção e demolição, 700 na recolha e reciclagem de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos, 400 na indústria de reciclagem de plástico, 300 na recolha seletiva e reciclagem de resíduos de comércio e serviços e 100 na reciclagem das lamas das ETAR domésticas.
Diz a Zero que estes cálculos foram feitos com base no pressuposto de que Portugal irá cumprir as metas de reciclagem comunitárias para vários fluxos de resíduos e que, simultaneamente, a legislação existente para este setor passará a ser cumprida. Por exemplo: para os resíduos urbanos, partindo de uma taxa de reciclagem atual de 21,3% e para atingir a meta comunitária de 55% em 2025, Portugal tem de reciclar mais 1,8 milhões de toneladas, das quais cerca de 800 mil serão de recicláveis como plástico, vidro, papel e metais e 1 milhão serão resíduos orgânicos.
Sobre o aumento da Taxa de Gestão de Resíduos para a colocação de resíduos em aterro ou incineração, em setembro, a ZERO considera insuficiente a subida para 22 euros por tonelada para o envio para aterro em 2020, mas considera que a subida da TGR da incineração para apenas 5,5 euros é muito reduzida e não vai promover a reciclagem de muitos resíduos recicláveis que atualmente estão a ser incinerados nas áreas metropolitanas de Lisboa (Valorsul) e Porto (Lipor), pelo que propõe para este ano um aumento da TGR para a incineração (valorização energética) para 75% da TGR do aterro, ou seja, 16,5 euros.
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