Transportadores de passageiros querem ser integrados nos apoios ao turismo
“Se nada for feito até ao final do primeiro semestre, mais de 1.500 pessoas podem ser despedidas”, adverte o presidente da ARP, José Luís Carreira.
A Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros (ARP) pediu esta quinta-feira ao Governo que o setor seja integrado nas medidas previstas para apoiar o turismo e abrangido pelo selo sanitário “Clean & Safe”.
“Se nada for feito até ao final do primeiro semestre, mais de 1.500 pessoas podem ser despedidas”, adverte o presidente da ARP, José Luís Carreira, em comunicado, realçando que a extensão do selo sanitário “Clean & Safe” a este setor seria “uma garantia de segurança” para os potenciais clientes.
E prossegue: “Fomos dos primeiros setores a ser afetados pela covid-19″. “Tudo indica, seremos dos últimos a poder regressar à normalidade laboral”, salienta o dirigente.
A ARP reivindica também o prolongamento da manutenção do lay-off por um período de nove meses e a inclusão dos sócios-gerentes nesta medida, bem como a criação de moratórias específicas para os encargos financeiros fixos durante um período de 12 meses.
“Está em causa a subsistência de centenas de famílias. Milhares de pessoas vivem angustiadas sem saber como será a sua vida a partir do segundo semestre de junho, altura em que, para algumas, termina o lay-off atualmente em vigor”, disse José Luís Carreira.
O dirigente pediu ainda o prolongamento dos contratos públicos de transporte escolar e lembrou que estas são algumas das reivindicações já entregues às secretarias de Estado da Mobilidade e do Turismo.
O presidente da ARP, ao falar da situação vivida do setor, advertiu que “a proibição das viagens turísticas nacionais e internacionais” deixou as empresas sem clientes e sem poderem faturar.
Lembrou ainda o facto de o setor ter sido “dos primeiros a sofrer as consequências económicas e financeiras deste surto” e referiu que, agora, com “o desconfinamento progressivo”, a ARP “aguarda pelas determinações” das autoridades de saúde, apesar de acreditar que o setor “irá continuar a ser afetado por vários meses”, uma vez que as viagens e a própria estadia nas unidades hoteleiras “têm fortes limitações” para os grandes grupos de turistas.
A ARP, que representa 120 empresas de transportes pesados de passageiros e emprega 3.500 pessoas, lembra que as frotas “estão paradas há quase três meses”. O comunicado refere ainda que “os parques de estacionamento estão cheios e as caixas registadoras vazias” porque, apesar de as empresas estarem em lay-off, “continuam a existir custos fixos”, nomeadamente os seguros e o ‘leasing’ dos autocarros, que têm de ser pagos pelas empresas.
A ARP frisa também que 75% das empresas suas associadas trabalham na área do turismo e “dependem muito do mercado internacional, como os Estados Unidos, Brasil, Ásia e Europa, com os seus grupos de turistas tão característicos”.
“Enquanto estes grandes grupos não voltarem a viajar, vamos ser fortemente afetados, uma vez que também a nível nacional não haverá visitas de estudo, nem atividade de praia para as crianças, ou os alugueres habituais de um e dois dias por nacionais, as peregrinações, as viagens de incentivo das empresas para os seus funcionários”, lê-se no comunicado.
O presidente da ARP referiu ainda que “é fundamental que o Governo olhe para o transporte pesado de passageiros como uma atividade essencial ao turismo e que, por isso, deve ser um parceiro a ouvir na definição de estratégia para relançamento da atividade económica”.
No comunicado, a ARP defende também que o Código de Atividade Económica deva ser incluído nas medidas já definidas ou a definir para apoio ao turismo. Alega que em cima da mesa estão ainda outras reivindicações antigas, nomeadamente a revisão da Lei do Transporte Coletivo de Crianças e a atribuição de descontos nas portagens.
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