“TAP está a tentar impor confinamento ao Porto e ao Norte”, acusa Rui Moreira

O autarca do Porto defende que o Governo apenas deve ajudar a TAP se esta "retomar os voos na mesma percentagem" para todas as cidades do país, incluindo as ilhas.

O presidente da Câmara do Porto está contra a estratégia adotada pela TAP para retomar voos. A companhia aérea vai voltar aos céus com 73 rotas a partir de Lisboa e apenas três a partir do Porto, o que para Rui Moreira é uma tentativa de “impor confinamento ao Porto e ao Norte”. Em conferência de imprensa, o autarca defendeu que o Governo apenas deve ajudar a TAP se esta “retomar os voos na mesma percentagem” em todas as cidades.

“Num momento em que se está numa enorme debilidade, e em que o país precisa, a TAP abandona o país. Porque estar só em Lisboa representa abandonar o país“, disse Rui Moreira, em declarações transmitidas pela RTP3. O autarca acusa ainda a companhia aérea nacional de “estar a tentar impor confinamento ao Porto e ao Norte”.

“A TAP nunca perdeu o vínculo de ser uma empresa de caráter colonial e a sua estrutura nunca pensou de outra maneira”, continuou o presidente da Câmara do Porto.

Assim, Rui Moreira defendeu que as ajudas do Governo à companhia aérea apenas devem ser dadas se “se exigir que a TAP, no momento de retomar os voos, os retome na mesma percentagem no Porto, Lisboa, Faro, Madeira e Açores”. E sublinhou que “a TAP não pode ser tratada como uma entidade diferente”. “Nós fazemos parte do público. O Porto, Trás-os-Montes, Douro, Minho. O Norte também faz parte de Portugal”.

A TAP anunciou esta segunda-feira o plano de retoma, que inclui 27 voos semanais a partir de junho, incluindo Nova Iorque, Luanda e Maputo. Na lista constam 73 rotas com partidas de Lisboa e apenas três com partida do Porto (Paris, Luxemburgo e Funchal). Ainda assim, o número de voos que a empresa vai operar até fim de junho e julho fica muito aquém dos 3.000 voos semanais que chegou a fazer antes da pandemia.

Bloco de Esquerda também aponta o dedo à companhia

As críticas a esta estratégia de retoma da TAP também vêm do Bloco de Esquerda, que acusa a companhia aérea de transformar o Aeroporto do Porto num “apeadeiro” ao serviço de Lisboa. “A política da TAP é inaceitável” e “o modo como tem vindo a ser gerido o aeroporto” do Porto é “errado”, disse o deputado José Soeiro, citado pela Lusa. Defendeu ainda que a estratégia da TAP é de “desvalorização completa do Porto”.

Por isso é que fomos sempre contra a privatização da TAP, mas também da privatização de uma estrutura aeroportuária, aqui no Porto concretamente, onde, nos últimos anos, houve um investimento de dinheiro público na ordem dos 500 milhões e que está a ser cada vez mais colocada basicamente ao serviço das empresas low cost”, continuou o bloquista.

Operação de retoma confirma necessidade de controlo público da empresa

Também à esquerda, o Partido Comunista Português (PCP) defendeu esta terça-feira que a retoma da operação da TAP, com um número “muito insuficiente” de voos a partir do Porto, confirma a necessidade de um “efetivo controlo público” que coloque a transportadora aérea ao serviço do país, assinalou a Direção da Organização Regional do Porto (DORP) do PCP, em comunicado citado pela Lusa.

Para o partido, que apresentou no início de maio uma proposta de nacionalização da TAP, o número de ligações e de voos agora definidos para o Aeroporto do Porto não correspondem às necessidades das populações, nem da região e, por outro lado, “refletem opções de gestão que não colocam como prioridade o desenvolvimento do país como um todo”.

Nesse sentido, o PCP considera que é urgente uma intervenção do Estado, “que salve a empresa, mas assuma o seu controlo público, colocando-a ao serviço do país e do seu desenvolvimento”.

(Notícia atualizada às 16h30 com a reação do PCP)

 

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