Bruxelas admite que Portugal fica “em desvantagem” nas ajudas estatais
Margrethe Vestager admite que existe “um risco” de países como Portugal ficarem em desvantagem nas ajudas estatais, mas sustenta que “isso depende bastante das necessidades de cada Estado-membro”.
A Comissão Europeia admite que países como Portugal, com menor capacidade orçamental do que Estados-membros como Alemanha ou França, fiquem “em desvantagem” nas ajudas estatais em altura de crise gerada pela pandemia, exortando à aplicação de “medidas adicionais”.
“Não é uma clara desvantagem, mas claro que existe o risco de [o país] ficar em desvantagem”, diz em entrevista à Lusa, em Bruxelas, a vice-presidente executiva da Comissão Europeia Margrethe Vestager. Para a responsável pela pasta de “Uma Europa Preparada para a Era Digital” e pela tutela da Concorrência a nível europeu, existe então “um risco” de países como Portugal ficarem em desvantagem, mas sustenta que “isso depende bastante das necessidades de cada Estado-membro”.
Numa alusão aos auxílios estatais já aprovados por Bruxelas ao abrigo das regras temporárias devido à pandemia de covid-19, Margrethe Vestager observa que “há Estados-membros a avançar com muito menos do que Alemanha, França ou Itália e conseguem valorizar bastante o seu dinheiro”.
“Claro que é diferente se [o país] pode gastar o equivalente a 0,5% ou 2% do seu Produto Interno Bruto [PIB] comparativamente a 10% ou mais”, admite.
E para tentar contornar estas discrepâncias nas ajudas estatais, que se relacionam com a capacidade orçamental dos países, Margrethe Vestager sugere a implementação de outros tipo de apoios às economias em altura de crise.
“A estes números acrescem medidas adicionais que não ajudas estatais e que podem ser, por exemplo, a suspensão de pagamento do IVA [imposto sobre o valor acrescentado] ou do pagamento do IRC [imposto sobre o rendimento de pessoas coletivas], esquemas para apoiar o pagamento de salários, entre outras coisas”, exemplifica a vice-presidente executiva da Comissão Europeia.
Dados fornecidos pela Comissão Europeia à Lusa revelam que, até ao momento, o executivo comunitário já deu luz verde a um total de 136 decisões que aprovaram 175 medidas nacionais para ajudas estatais, solicitadas por Estados-membros e pelo Reino Unido (parceiro económico da região, embora já não integre a União Europeia).
Ao todo, o montante destes auxílios estatais ascende a 2,13 biliões de euros, mas esta é uma verba arredondada que não abrange, por exemplo, regimes sem orçamentos determinados e que não tem conta as alterações feitas posteriormente aos montantes inicialmente apresentados.
Ainda assim, quase metade (47%) destas ajudas estatais foram já solicitadas pela Alemanha, seguindo-se Itália (18%), França (16%), Espanha (4,3%), Reino Unido (3,7%), Bélgica (2,6%) e Polónia (2,3%), segundo os dados enviados à Lusa.
Os restantes países – nos quais se inclui Portugal – representam respetivamente uma quota de 0,1% a 1,5% do total estimado.
Adotado em meados de março passado, este enquadramento europeu temporário para os auxílios estatais alarga os apoios que os Estados-membros podem prestar às suas economias em altura de crise gerada pela pandemia, em que muitas empresas, especialmente as de pequena e média dimensões, enfrentam problemas de liquidez.
Em causa estão medidas como subvenções diretas ou apoios em benefícios fiscais de até 850 mil euros por empresa, garantias públicas para empréstimos e ainda recapitalizações de companhias, suporte este que deve ser utilizado apenas como último recurso.
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