Retoma dá ganhos a Wall Street, mas tensões com o estatuto de Hong Kong preocupam
A tensões entre Washington e Pequim relacionadas com o estatuto de Hong Kong estão a subir de tom e a deixar os investidores preocupados. Ainda assim, desconfinamento continua a dar gás aos mercados.
As bolsas norte-americanas estão novamente a subir. Mas ainda que se mantenha o otimismo em torno do desconfinamento e da retoma das atividades económicas, o agravamento das tensões entre Washington e Pequim está a condicionar as negociações nos mercados norte-americanos.
Nesta penúltima sessão da semana, o S&P 500 e o Dow Jones abriram a valorizar, puxados sobretudo pelos títulos da Boeing. Já o tecnológico Nasdaq está a negociar abaixo da linha de água. O índice de referência, o S&P 500, avança 0,33% para 3.046,28 pontos e o industrial Dow Jones soma 0,58% para 25.698,81 pontos. A contrariar, o tecnológico Nasdaq recua 0,14% para 9.339,16 pontos.
Os investidores continuam animados face aos efeitos do desconfinamento gradual na economia, mas crescem agora as preocupações em torno das tensões entre Washington e Pequim. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu dar uma resposta até ao final da semana à decisão da China de impor uma lei de segurança nacional a Hong Kong, que irá limitar a atividade da oposição política, numa altura em que os protestos pró-democracia ganham voz.
Na quarta-feira, o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo notificou mesmo o Congresso de que a administração de Donald Trump já não considera Hong Kong uma região autónoma da China continental. Tal abre caminho à retirada do estatuto comercial e financeiro preferencial de que Hong Kong tem beneficiado. Em reação, Pequim considerou “bárbara” a decisão dos Estados Unidos.
“O que está a acontecer com Hong Kong parece os primeiros sinais de uma nova Guerra Fria”, explica o analista Jasper Lawler, da London Capital Group, citado pela Reuters. E esse sentimento, dizem os analistas, pode mesmo ameaçar a recuperação dos mercados.
Numa nota positiva, na sessão desta quinta-feira, destaque para os títulos da Boeing, que subiram 3,29% para 154,44 dólares. A fabricante anunciou que irá retomar a produção dos 737 Max, na sua fábrica em Washington. O principal fornecedor da Boeing, o Spirit AeroSystems, também está a beneficiar deste anúncio: as suas ações avançam 1,52% para 24,70 dólares.
Do outro lado da linha de água, destaque para os títulos do Twitter e do Facebook, que recuam 1,6% para 32,54 dólares e 0,66% para 227,62 dólares. Isto depois de Donald Trump ter ameaçado “fechar” as plataformas digitais que “sufoquem” as vozes conservadoras.
A pesar sobre os mercados estão também os dados do desemprego. Cerca de 2,1 milhões de pessoas pediram subsídio de desemprego nos Estados Unidos na semana passada, elevando para 41 milhões os pedidos em dois meses, devido à pandemia de Covid-19.
PIB dos EUA recua 5% no primeiro trimestre
Também esta quinta-feira foi revelado que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos caiu 5% no primeiro trimestre de 2020, sob efeito da pandemia de Covid-19, de acordo com uma segunda estimativa do Departamento do Comércio. A queda do PIB foi maior do que o referido inicialmente, uma vez que a primeira estimativa indicava uma contração a um ritmo anual de 4,8%.
Apesar de o primeiro trimestre refletir já parte do impacto da crise causada pela pandemia, os analistas antecipam que o recuo da economia será maior no segundo trimestre. O Departamento do Comércio anunciou também que as encomendas de bens duradouros caíram 17,2%, em abril, a segunda redução mensal consecutiva, devido à paragem da atividade associada às medidas de confinamento para conter a pandemia de Covid-19.
(Notícia atualizada às 15h24 com dados sobre o PIB dos EUA)
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