Há uma nova geração de vinhos sustentáveis a nascer no Algarve. Aveleda tem nova quinta entre a serra e o mar

Grupo Aveleda está focado em produções mais sustentáveis e menos agressivas. Recentemente adquiririam uma quinta em Alvor que está a ser pensada de raiz para ser um exemplo de modelo sustentável.

De norte a sul do país, o grupo Aveleda conta com 450 hectares de vinha e exporta cerca de 70% da sua produção para 70 países em todo o mundo. A empresa está presente em quatro regiões vínicas a nível nacional: Douro, região dos Vinhos Verdes, Bairrada e, mais recentemente, Algarve. Integra no seu portefólio as marcas Aveleda, Casal Garcia, Adega Velha, Quinta Vale D. Maria e Quinta D’Aguieira.

Desde 1870 que o grupo Aveleda tem vindo a aperfeiçoar os métodos de todo o ciclo da vinha e a aposta numa produção mais sustentável é o caminho a seguir para o futuro. O grupo adquiriu recentemente uma nova quinta no Algarve, em Alvor. “O projeto está a nascer de raiz e está a ser pensado para ser um exemplo de modelo sustentável, o melhor que se faz hoje em dia a nível de sustentabilidade”, explica Pedro Barbosa, diretor de viticultura da Aveleda.

“Na área dos vinhos está muita gente alinhada com as práticas de sustentabilidade. Muitos estão a caminhar para uma melhor gestão do ecossistema agrícola, menos agressivo, menos interventivo e mais sustentável”, refere Pedro Barbosa.

Para o diretor de viticultura da Aveleda, saborear um néctar oriundo de processos sustentáveis já é uma preocupação de uma grande parte dos consumidores. “Todos os consumidores a nível mundial estão cada vez mais interessados em vinhos sustentáveis. Alguns mercados mais que outros, mas até em Portugal já existe claramente uma tendência a este nível”, destaca o diretor de viticultura da Aveleda.

Para Pedro Barbosa, a sustentabilidade está assente em três pilares: sustentabilidade ecológica, social e económica. “Isto, para nós, é a base de tudo”, conta o diretor de viticultura da Aveleda.

As práticas ambientais variam de quinta para quinta mediante as características e as condicionantes de cada uma delas, apesar de existirem pilares que são transversais, como a gestão da água, por exemplo.

“A gestão da água é uma preocupação. E mais ainda quando falamos em regiões onde a água é um bem cada vez mais escasso, como por exemplo o Douro Superior“. Pedro Barbosa explica que na Quinta do Vale do Sabor, em Moncorvo, a precipitação é muito baixa ao longo do ano e não há acesso ao Rio Sabor nem o Rio Douro. “Não temos uma fonte de abastecimento de água”, refere.

Face à falta de água, Pedro Barbosa explica que na Quinta do Sabor têm uma sistema de gestão onde é recolhida toda a água da chuva. Posteriormente essa água é canalizada para duas charcas, que estão interligadas entre si e onde é possível gerir o abastecimento de água. “Esta água é mais que suficiente para regar as vinhas”, destaca com orgulho o diretor de viticultura da Aveleda.

na nova quinta localizado no Algarve a situação é completamente diferente. “Em Alvor, a nossa quinta fica a 26 quilómetros do mar e nas costas tem a Serra de Monchique, por isso tem uma influência das terras muito interessante. Não é um Algarve cálido, é um Algarve temperado”, conta. A abundância de água foi um dos fatores que levou o grupo a adquirir a quinta em Alvor.

Muita gente está a caminhar para uma melhor gestão do ecossistema agrícola, menos agressivo, menos interventivo e mais sustentável.

Pedro Barbosa

Diretor de viticultura da Aveleda

Da água à energia, o grupo conta também com uma certificação energética e ambiental específica para a Quinta da Aveleda, localizada em Penafiel. “O objetivo é conseguir esta certificação para as restantes quintas do grupo”, adianta Pedro Barbosa.

A nível de sustentabilidade social, Pedro Barbosa, exemplifica: “Temos um projeto em Cabração, Ponte de Lima, onde fizemos uma vinha do nada e todas as pessoas que trabalham nessa vinha são da zona, fizemos questão de promover emprego”, conta.

Aveleda usa rolhas de cortiça, uma redução de 6,5 toneladas de CO₂

Outra das iniciativas do grupo para reduzir a pegada ambiental é a utilização de rolhas de cortiça natural. Em 2019, a Quinta Vale D. Maria contribuiu para retenção de 6,5 toneladas de CO₂ através da utilização de rolhas de cortiça natural. O estudo foi desenvolvido pelas consultoras PricewaterhouseCoopers e Ernst & Young, no âmbito do projeto de sustentabilidade da Corticeira Amorim, que é quem fornece as rolhas ao grupo.

Pedro Barbosa conta ainda que são realizadas análises regulares às vinhas através de drones. “Começamos a trabalhar há vários anos com fotografia aérea que nos dão indicadores de vinha. É uma parafernália de indicadores que nos dão informação vinha a vinha e que nos permitem ter este tipo de informação que nos permite ser precisos”, conta Pedro Barbosa.

Outra das técnicas adotadas pelo grupo Aveleda é a plantação de mais de três mil árvores por ano na bordadura das vinhas localizadas nas várias regiões. “Esta árvores são exclusivamente a pensar em corredores ecológicos e criar diversidade à monocultura que é a vinha, que é fundamental para a fauna se desenvolver”, diz o diretor de viticultura da Aveleda.

A mobilização do solo das vinhas com recurso a cavalos, a plantação de espécies autóctones arbustivas e arbóreas para aumentar a dimensão dos corredores ecológicos, refúgios de biodiversidade entre as vinhas, a utilização de uma alfaia “limpa bermas” que permite o corte de ervas nos taludes minimizando, deste modo, a necessidade de utilização de herbicidas ou ainda a preservação e construção de muros de pedra que ajudam a fomentar os refúgios de biodiversidade são alguns exemplos de medidas de de sustentabilidade que podem ser vistos por exemplo, na Quinta Vale D. Maria, no Cima Corgo.

Com vista a produções mais amigas do ambiente, o grupo Aveleda quer caminhar para o fim da utilização de herbicidas, tudo medidas com vista a um caminho mais sustentável.

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