Deterioração das contas públicas não assusta. Juros da dívida portuguesa abaixo de 0,5%
A pandemia de Covid-19 está a levar a um agravamento das finanças nacionais: o endividamento está em máximos e o défice em níveis da última crise. Mas estes dados não parecem assustar os investidores.
Os juros da dívida portuguesa continuam a cair e estão já abaixo de 0,5%. O otimismo quanto ao país está a ser causado pela rede de segurança europeia, que está a levar os investidores e ignorarem o agravamento das contas públicas causado pela pandemia ou a mudança na liderança do ministério das Finanças.
As medidas de resposta à pandemia levaram a um forte aumento das necessidades de financiamento. Portugal duplicou a margem para se endividar e, nos últimos dias, têm sido conhecidos os primeiros efeitos do vírus. O défice orçamental ficou em 1,1% do PIB no primeiro trimestre do ano, segundo dados divulgados esta quarta-feira. Para financiar este saldo negativo, o país tem reforçado o financiamento em mercado: em março, a dívida pública portuguesa atingiu 120,3% do PIB, pondo fim à trajetória decrescente e em máximos de nove meses.
Na totalidade do ano, o Governo estima que o défice agrave ainda mais para 6,3% e que a dívida dispare para o recorde de 134,4% do PIB. Devido às características do problema, todos os países estão a recorrer ao mesmo, o que está a fazer com que o mercado seja inundado de nova dívida.
No entanto, o programa de emergência do Banco Central Europeu (BCE) e a perspetiva de fundo de recuperação da União Europeia (UE) têm mantido os custos de financiamento limitados, enquanto o apetite pelo risco (que vai variando com a divulgação de novos dados que sinalizem maior ou menor probabilidade de uma segunda vaga de vírus) tem determinado as mudanças diárias.
Na sessão desta quarta-feira, o benchmark europeu, a dívida da Alemanha a dez anos, negoceia com um juro negativo de -0,347%. Já as obrigações portuguesas com a mesma maturidade, têm uma yield de 0,481%, no valor mais baixo desde 11 de março, mas ainda longe do mínimo 0,181% tocado no final de fevereiro. Fica igualmente abaixo dos 0,499% pedidos pelos investidores a Espanha.
Yield das obrigações portuguesas a dez anos caem para valores pré-pandemia
Fonte: Reuters
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