Moody’s: Dívida da UE vai disparar para um bilião com fundo de recuperação, mas estratégia é positiva para o rating dos Estados-membros
Países mais afetados pelo vírus, como Espanha e Itália, deverão ser os maiores beneficiários da "bazuca" europeia. Já Portugal é, em percentagem do PIB, o quinto país que mais recebe.
O fundo de recuperação da União Europeia vai duplicar a dívida do grupo, mas não agrava o risco de crédito, segundo a Moody’s. Numa análise divulgada esta terça-feira, em que reitera o rating Aaa da UE, a agência de notação diz esperar que a instituição comece, já no segundo semestre, a financiar-se no mercado.
“Se for implementado de acordo com a proposta [da Comissão Europeia], o fundo de recuperação da União Europeia irá representar uma mudança significativa em direção a uma resposta orçamental conjunta da UE a uma crise, com base em garantias comuns para um empréstimo conjunto“, diz Steffen Dyck, vice-presidente da Moody’s e co-autor do relatório.
A proposta de fundo de recuperação que está em cima da mesa totaliza 750 mil milhões de euros, dos quais 500 mil milhões de euros a atribuir através de subvenções (ou seja, a fundo perdido) e 250 mil milhões de euros através de empréstimos. Caso o plano seja aceite de forma unânime pelos Estados-membros, a ideia é ir aos mercados financeiros buscar dinheiro para a bazuca.
“Apesar da proposta de aumento significativo da dívida da UE, consideramos que as implicações adversas para o rating da UE são limitadas. Além do aumento do teto de recursos próprios, o racional para esta avaliação é que o rating Aaa da UE tem por base a qualidade do crédito dos Estados-membros com melhor rating, bem como o forte e credível empenho de todos os Estados-membros em assegurar a solidez das finanças da UE no que diz respeito à alavancagem”, diz a Moody’s.
Este fundo tem como objetivo apoiar a recuperação económica ao longo dos próximos anos e junta-se a programas de resposta imediata ao vírus como o SURE (Support to mitigate Unemployment Risks in an Emergency). O plano de recuperação — incluindo empréstimos, subvenções e o SURE — poderá levar a dívida da UE para cerca de um bilião de euros, muito acima dos atuais 52 mil milhões de euros, de acordo com a estimativa da Moody’s.
“Os instrumentos já acordados do SURE beneficiam de garantias explícitas dos Estados-membros no valor de 25 mil milhões. O financiamento em mercado de capitais para o SURE poderá começar quando todas as garantias estiverem em vigor, o que é provável a partir do segundo semestre de 2020”, explica a agência.
A Moody’s refere que o Fundo de Recuperação europeu, em específico, será positivo para o rating dos países mais afetados pela pandemia, apontando especialmente para Itália e Espanha, que poderão receber cerca de 150 mil milhões cada. Já no caso de Portugal, o montante deverá ficar abaixo dos 30 mil milhões de euros, o que — face ao PIB — coloca o país na quinta posição dos que mais vão ganhar. “A velocidade a que os fundos serão utilizados vai depender do impacto económico para cada país”, acrescenta.
Itália e Espanha são os países que vão receber mais fundos
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