Bimbo Donuts Portugal, Pingo Doce e Auchan vão contestar acusação da AdC

  • Lusa e ECO
  • 26 Junho 2020

Tanto a Jerónimo Martins como a Auchan preparam-se para contestar a acusação da AdC de que alinharem os preços de venda ao público dos produtos do fornecedor Bimbo Donuts.

Tanto o Pingo Doce como a Auchan vão contestar a acusação da Autoridade da Concorrência (AdC) de que a cadeia de supermercados da Jerónimo Martins, a Auchan, o Modelo Continente e o fornecedor Bimbo Donuts concertaram preços. A cadeia liderada por Pedro Soares do Santos diz mesmo que repudia a acusação que é feita. A Bimbo Donuts Portugal também vai “contestar vigorosamente” a acusação.

“Após investigação, a AdC concluiu que existem indícios de que as empresas Modelo Continente, Pingo Doce e Auchan utilizaram o relacionamento comercial com o fornecedor Bimbo Donuts para alinharem os preços de venda ao público (PVP) dos principais produtos deste último, em prejuízo dos consumidores”, afirmou hoje a Concorrência em comunicado, considerando a conduta em causa “muito grave”.

“Perante a nota de ilicitude que nos chegou da AdC, o Pingo Doce repudia a acusação feita e vai contestá-la, não deixando de apresentar os seus argumentos num processo em que estamos seguros da nossa conduta e do nosso trabalho diário para levar até aos consumidores portugueses as melhores oportunidades de preço e promoções, e os maiores descontos”, disse fonte oficial da cadeia de supermercados da Jerónimo Martins.

Iremos naturalmente apresentar a nossa contestação, pois as nossas práticas não configuram os atos imputados“, disse fonte oficial da Auchan, questionada pela Lusa. “Na Auchan são assegurados internamente todos os processos de controlo a fim de evitar qualquer tipo de prática semelhante”, salientou.

Já a Bimbo Donuts Portugal considera que a acusação da Autoridade da Concorrência (AdC) sobre concertação de preços “não tem fundamento” e vai “contestar vigorosamente a mesma”, disse esta sexta-feira fonte oficial da empresa à Lusa.

A Bimbo Donuts Portugal, adquirida em 2016 pelo Grupo Bimbo, adianta que faz “parte do grupo de empresas incluídas na investigação da indústria por parte da Autoridade da Concorrência em Portugal, referente a uma alegada fixação de preços, que teria ocorrido quando a empresa ainda pertencia aos anteriores proprietários”, numa reação por escrito à Lusa.

“A Bimbo Donuts entende que a acusação formulada não tem fundamento vai contestar vigorosamente a mesma, colocando-se em simultâneo ao dispor da Autoridade da Concorrência Portuguesa para prestar todos os esclarecimentos necessários”, adianta.

“O grupo Bimbo e todas as suas subsidiárias são muito rigorosas no cumprimento da legislação dos países onde estão presentes e atuam de acordo com os interesses dos seus clientes, consumidores, colaboradores e comunidade, operando sob os mais elevados padrões éticos, oferecendo sempre produtos da mais alta qualidade”, conclui fonte oficial.

Jerónimo Martins, Auchan e Continente, bem como o fornecedor de bolos, pães pré-embalados e substitutos do pão, acusados de concertação dos preços praticados ao consumidor, foram objeto de nota de ilicitude, depois de a investigação concluir existirem indícios da prática de cartel. “A adoção da nota de ilicitude não determina o resultado final da investigação”, ressalva a AdC, esclarecendo que vai ainda ser dada oportunidade às empresas de serem ouvidas e de se defenderem.

Habitualmente num cartel, os distribuidores, não comunicando diretamente entre si, recorrem a contactos bilaterais com o fornecedor para promover ou garantir, através deste, que todos praticam o mesmo PVP no mercado retalhista, uma prática que a terminologia de concorrência designa por “hub-and-spoke“.

“Os comportamentos investigados duraram vários anos, tendo-se desenvolvido, pelo menos, entre 2004 e 2017”, precisa a AdC, explicando tratar-se de uma prática que prejudica os consumidores por limitar a opção de escolha pelo preço, uma vez que aquelas três cadeias de supermercados representam “mais de metade” do mercado da grande distribuição em Portugal.

A AdC diz ter em curso “mais de 10 investigações” no setor da grande distribuição de base alimentar, algumas ainda sujeitas a segredo de justiça, e adianta que a acusação hoje anunciada integra um “segundo conjunto” de casos de “hub-and-spoke” em investigação, que envolvem a grande distribuição e fornecedores.

(Notícia atualizada às 12h40)

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