“Não há ligação entre o transporte ferroviário e o surto pandémico”, diz Marcelo
Após reunião com o Infarmed, o Presidente da República anunciou que foi apresentado um estudo que parece demonstrar que não há ligação entre o uso de comboios e o contágio com Covid-19 em Sintra.
O Presidente da República adianta que um novo estudo apresentado esta quarta-feira na reunião com o Infarmed parece demonstrar não haver ligação entre transporte ferroviário e o surto pandémico na região de Sintra. Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que a coabitação é o principal foco de contágio, seguido da convivência social.
“Foi apresentado um estudo que parece demonstrar que não há ligação entre o transporte ferroviário, isto é, por comboio e o surto pandémico”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações transmitidas pelas televisões à saída da reunião com o Infarmed, a décima e última do género.
Segundo o Chefe de Estado, “a coabitação é o fator mais importante de explicação casual” do surto, embora, a convivência social também tenha “vindo a ganhar importância“. Nesse sentido, Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que a inclinação dos especialistas é a de que “a coabitação no sentido amplo, agregado familiar e aqueles que contactam mais diretamente com o agregado familiar”, são principais focos de infeção não só na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), mas também na generalidade do país.
Face a este cenário, o Presidente da República considera que é preciso “avançar com medidas concretas”, sendo que a orientação é “intervir de forma localizada e especifica”. Relativamente à situação da região LVT, que tem concentrado as maiores preocupações, Marcelo Rebelo de Sousa assinala que “há um tendência ligeira de uma aparente descida”.
Nesse sentido, também à saída do encontro, o secretário-geral adjunto do Partido Socialista, José Luís Carneiro, apontou que as medidas tomadas nesta região “do ponto de vista de isolamento e apoio social, financeiro, em termos de habitação e tratamento estão a produzir os seus efeitos”. Enquanto Ricardo Batista Leite, deputado do PSD, salientou que é preciso ser “prudente” na avaliação. “Se nós falharmos na resposta a Lisboa estaremos a falhar ao país”, atirou o social-democrata.
Reuniões com o Infarmed chegam ao fim. Oposição lamenta decisão
Na décima reunião com o Infarmed, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou ainda o fim de ciclo de reuniões, que juntou especialistas e políticos para analisar a situação da pandemia em Portugal. “O modelo pensado há quatro meses precisava de ser descontinuado, fechando uma fase, um ciclo e naturalmente ponderando em tempo oportuno a abertura de um outro ciclo”, disse.
Para o Chefe de Estado, o modelo “cumpriu a sua função”, mas tem agora de ser “reajustado”. Por um lado, Rui Rio já tinha dito que as reuniões se estavam a ter pouca utilidade. Por outro, a decisão não agradou a todos os partidos.
José Manuel Pureza, deputado do Bloco de Esquerda, defende que findas estas reuniões cabe ao Parlamento continuar a “fiscalizar de forma muito rigorosa toda a evolução quer da pandemia quer das políticas que tenham sido e venham a ser adotadas”. Ao passo que Jorge Pires, do PCP, considera que é fundamental ouvir os especialistas para se tomar decisões.
Também António Carlos Monteiro, vice-presidente do CDS-PP, lamentou o fim dos encontros e deixou críticas ao presidente do PSD que tinha referido que as reuniões passaram a ser dispensáveis. “Não podemos deixar de lamentar que numa altura em que a crise não está resolvida, em termos de saúde pública, que depois de numa reunião os especialistas terem contrariado as teses do senhor Primeiro-Ministro, vermos o presidente do maior partido de oposição, do PSD, dizer que estas reuniões passaram a ser dispensáveis e por isso mesmo deixámos de ter acesso a esta mesma informação”, disse.
(Notícia atualizada às 14h09)
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