Banca vai “apertar a torneira” do crédito ao imobiliário com medo do malparado

O imobiliário e construção destacam-se entre os setores para os quais os bancos antevêem aumentar a restritividade nos critérios, termos e condições de acesso ao crédito na segunda metade do ano.

Em plena pandemia, a banca apertou os critérios para a disponibilização de crédito à economia. E a perspetiva vai no sentido de essa maior restritividade manter-se ao longo deste ano, com a banca a fazer mira em particular ao setor imobiliário e da construção. Ou seja, os setores que na última crise mais pesaram no malparado da banca nacional.

As conclusões do último inquérito trimestral sobre o mercado de crédito divulgado, esta terça-feira, pelo Banco de Portugal indicam que “os bancos antecipam critérios mais restritivos no crédito a empresas, sobretudo PME” para o terceiro trimestre deste ano.

Mas numa análise mais detalhada em termos setoriais, o regulador destaca os setores de atividade ligados ao imobiliário e construção entre os que deverão ser alvo de uma maior restritividade no que respeita aos critérios de concessão de crédito e condições a adotar nos novos empréstimos ao longo da segunda metade do ano. Ou seja, intensificando uma tendência já observada na primeira metade do ano.

"As instituições esperam aplicar critérios ligeiramente mais restritivos nos setores dos serviços e construção de edifícios e atividades imobiliárias, assim como termos e condições ligeiramente mais restritivos na generalidade do setor da construção.”

Inquérito sobre o mercado de crédito

Banco de Portugal

“De acordo com as respostas dos bancos, apesar de os critérios se terem tornado mais restritivos em todos os setores considerados, a restritividade aumentou mais no setor da construção, seguindo-se os setores dos serviços (exceto serviços financeiros e imobiliários) e do comércio por grosso e a retalho”, contextualiza o BdP.

Já para os próximos seis meses, o inquérito revela que “as instituições esperam aplicar critérios ligeiramente mais restritivos nos setores dos serviços e construção de edifícios e atividades imobiliárias, assim como termos e condições ligeiramente mais restritivos na generalidade do setor da construção“.

Relativamente aos principais setores de atividade económica, um dos cinco bancos sondados por este inquérito antecipa seguir critérios “consideravelmente mais restritivos” na concessão de crédito ao segmento de construção de edifícios e atividades imobiliárias, havendo ainda um outro banco a prever seguir critérios “ligeiramente mais restritivos” no financiamento em concreto da construção de imobiliário comercial.

A perspetiva de maior restritividade no acesso ao crédito por parte das empresas ligadas ao setor do “betão” é ainda percetível no que respeita aos termos e condições a seguir nos novos empréstimos. Há dois bancos a indicarem pretender tornar-se “ligeiramente mais restritivos” no financiamento ao setor da construção (excluindo construção de edifícios). Já para a construção de edifícios e atividades imobiliárias, há uma instituição financeira a antecipar termos e condições “consideravelmente mais restritivos” e outra a apontar para que estes sejam “ligeiramente mais restritivos”.

As maiores reservas apontadas pela banca no que respeita à concessão de crédito para os setores do imobiliário e construção surgem numa altura em que se perspetiva a maior recessão económica dos últimos 100 anos a nível global e nacional devido à pandemia.

Os bancos denotam assim querer colocar “um travão” aquela que foi uma das suas maiores ameaças na crise financeira espoletada há uma década. Na altura, o setor do imobiliário e da construção sofreu um trambolhão, contribuindo em grande medida para os níveis recorde do malparado dos bancos nacionais.

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