Bancos já estão a apertar a concessão de crédito com “medo do efeito falésia” após moratórias

Presidente do Banco Central Europeu explicou que os critérios dos empréstimos bancários às famílias estão a ser pressionados devido ao coronavírus.

Os bancos já estão a apertar o crédito às famílias da Zona Euro com medo do que futuro após o fim das medidas de contenção dos efeitos do vírus. A conclusão é do inquérito feito pelo Banco Central Europeu (BCE) às instituições financeiras e explicado esta quinta-feira pela presidente Christine Lagarde.

“No que diz respeito aos empréstimos bancários às famílias, os critérios apertaram, a refletir em particular a deterioração dos rendimentos e das perspetivas de emprego dos agregados familiares no contexto de pandemia“, explicou Lagarde, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do Conselho de Governadores.

A mesma conclusão já tinha sido alcançada pelo Banco de Portugal, que anunciou recentemente que a banca em Portugal apertou os critérios para a disponibilização de crédito, no segundo trimestre do ano.

A francesa clarificou que além da pandemia em si mesma, os bancos estão a apertar critérios devido “ao medo do efeito falésia” após o fim de medidas adotadas em plena crise. É o caso das moratórias, que congelou as prestações bancárias por um período de tempo. Em países como a Alemanha por três meses, enquanto em Portugal começou por ser seis meses e foi entretanto prolongado até março de 2021.

Do lado das famílias, os efeitos já se estão a fazer sentir, segundo o BCE. A concessão de crédito afundou nos primeiros meses da crise, mas voltou em maio aos níveis pré-Covid. Já em relação às empresas, foi concedido crédito sem precedentes entre março e junho, mas o futuro deverá trazer uma desaceleração da tendência.

“Olhando em frente, os bancos esperam uma contenção nos critérios de concessão de crédito às famílias, em parte devido ao fim dos programas de garantias dos Estados“, diz. Apesar disso, Lagarde não vê problemas na disponibilidade de capital dos bancos e defende que o trabalho que está a fazer está a ter resultados positivos, em particular os empréstimos a baixos custos aos bancos que pretender incentivar a passagem de liquidez para a economia.

“A última operação da terceira série de targeted longer-term refinancing operations (TLTRO III) registou uma elevada taxa de execução de fundos, o que apoia a concessão de crédito às empresas e às famílias”, sublinha.

O impacto da deterioração do outlook económico e o respetivo declínio na qualidade de crédito das empresas foi amplamente compensado pelos efeitos de medidas como as medidas de apoio à liquidez do BCE e as garantias de Estados nas linhas de crédito“, acrescentou Lagarde.

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