Contas externas até maio registam maior défice desde a intervenção da troika

As contas externas deterioram-se de forma significativa até maio na sequência da pandemia. Com muito menos turismo, o défice externo atingiu o valor mais elevado desde 2011.

O défice das contas externas de Portugal aumentou cerca de 45% entre janeiro e abril, com a pandemia a levar a uma deterioração do saldo de -1.717 milhões de euros no mesmo período do ano passado, para -2.496 milhões de euros. Este é o valor mais elevado desde 2011, considerando os mesmos meses, de acordo com cálculos do ECO tendo como base a série histórica registada pelo Banco de Portugal.

“Até maio de 2020, o saldo conjunto das balanças corrente e de capital fixou-se em -2.496 milhões de euros, o que compara com -1.717 milhões de euros em igual período de 2019”, revela o Banco de Portugal na nota de informação estatística relativa à balança de pagamentos. O défice externo é o mais elevado desde janeiro a maio de 2011, ano da intervenção da troika em Portugal, altura em que estava nos 5.602 milhões de euros.

E o que está a piorar as contas externas? Um dos “culpados” é a queda das exportações de serviços, nomeadamente de turismo, na sequência do fecho das fronteiras e da (quase) paralisação da atividade turística e de viagens aéreas. O Banco de Portugal especifica que o excedente da balança de serviços reduziu-se em 2.649 milhões de euros no acumulado até maio, sendo que 2.060 milhões de euros devem-se exclusivamente à rubrica viagens e turismo, onde se verificou um “decréscimo acentuado”.

A redução abrupta das exportações do turismo foi especialmente grave em maio, mês em que o turismo ficou “praticamente parado”, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). “Nesse mês, a redução homóloga do saldo das viagens e turismo foi de 1.003 milhões de euros, em resultado de um decréscimo de 83,3% nos créditos [exportações] e de 61,6% nos débitos [importações]“, assinala o Banco de Portugal.

A compensar parcialmente esta quebra do excedente dos serviços esteve a redução de 903 milhões de euros do défice da balança de bens, devido à redução mais significativa nas importações de bens do que nas exportações de bens.

“Entre janeiro e maio de 2020, o défice da balança de rendimento primário reduziu-se 643 milhões de euros relativamente ao período homólogo, para -2041 milhões de euros”, revela ainda o banco central, acrescentando que “o excedente da balança de rendimento secundário decresceu 43 milhões de euros, o que ficou a dever-se a um aumento da contribuição financeira paga por Portugal”.

Por outro lado, a balança de capital cresceu 367 milhões de euros face ao mesmo período do ano passado e o saldo da balança financeira registou uma diminuição dos ativos líquidos de Portugal face ao exterior no valor de 2783 milhões de euros.

(Notícia atualizada às 11h53 com mais informação)

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