Centeno: Economia vai baixar juros, subir ratings
Ministro das Finanças diz que a economia está forte. Não é por isso que os juros da dívida estão a subir, mas será isso a fazê-los recuar, diz. E vai também puxar pelos ratings.
Os juros da dívida portuguesa têm vindo a agravar-se. Passaram, recentemente, dos 4%, uma escalada que Mário Centeno atribui a riscos e incertezas na Zona Euro, bem como à baixa liquidez no mercado. O ministro das Finanças diz que é um movimento temporário. A economia forte tratará de inverter a tendência e puxar pelos ratings em 2017.
Portugal vai sair do procedimento por défices excessivos em 2016, colocando o défice “muito significativamente abaixo de 3% e com uma probabilidade muito elevada abaixo de 2,4%” da meta do Governo, que já era uma décima inferior à imposta por Bruxelas, diz Centeno em entrevista à Reuters.
"Obviamente vemos esta subida (das yields) como temporária associada a fatores muito específicos de incerteza (externa) e de baixa liquidez de mercado (de final de ano).”
Um sinal positivo a que se junta a queda da “dívida líquida de 121,6% do PIB (em 2015) para 120,6% em 2016”. “Se corrigíssemos o facto Banif, que teve um impacto na dívida líquida em 2015 e na dívida bruta em 2016, também a dívida bruta cai em 2016”, nota o governante. Isto além da economia: “é inegável hoje que a situação de aceleração da economia se tem vindo a materializar”, diz.
Neste sentido, “obviamente vemos esta subida (das yields) como temporária associada a fatores muito específicos de incerteza (externa) e de baixa liquidez de mercado (de final de ano)“, disse Mário Centeno. A taxa a 10 anos superou recentemente a fasquia dos 4%, um movimento que explica com a tensões na Zona Euro.
“A nossa perspetiva é a de que as tensões que se colocam na Europa, o acelerar da inflação nos últimos meses, em particular em dezembro, que teve uma tradução quase imediata nos yields da dívida pública praticamente em todos os países europeus, pesam num determinado sentido”. “Mas, os fundamentos da economia portuguesa são hoje mais fortes (…) Na dimensão nacional, nós temos vindo a reforçar claramente os fundamentos da nossa economia”, disse.
Ratings? Centeno acredita que vão subir
“Eu acho que os fundamentos da economia portuguesa aproximam-na de outras economias que têm taxas bastante mais baixas do que as nossas e eu acho que esse é um movimento (de correção) natural”, diz Centeno, salientando a importância de conseguir atrair novos investidores para a dívida nacional. Mas para isso, é preciso que a dívida portuguesa tenha ratings melhores.
“Para entrar em outros investidores internacionais, nós precisamos de trabalhar muito afincadamente na melhoria dos ratings da nossa economia e é o grande desafio que temos pela frente”, afirmou o ministro à Reuters. “Olhando para aquilo que é a análise temporal que as agências tipicamente fazem e para os números da economia portuguesa, eu estou muito esperançado, e trabalharemos nesse sentido, para que isso aconteça”.
Emissão sindicada “a breve trecho”
Portugal ainda não foi ao mercado, este ano. Mas Centeno diz que isso acontecerá muito em breve. O ministro referiu que Portugal está a preparar o plano de financiamento, “que passa precisamente por uma colocação de dívida nessas condições [operação com recurso a um sindicato bancário] e pode acontecer a breve trecho”. Mas a almofada de liquidez dá tranquilidade ao país.
A almofada “está otimizada para cobrir seis meses de colocações de dívida, em média”, disse. “Por isso, é importante olhar para a dívida líquida porque está já arrecadado o montante de capitalização máximo – porque não sabemos quanto vamos usar desse montante – da CGD, o que nos deixa numa situação confortável face a essa possível pressão”.
“O Estado conseguiu, na sua situação de tesouraria, antecipar essa situação. Portanto, não estamos dependentes dos mercados, neste momento, para essa operação”, afirmou. “Enquanto não houver uma classificação mais positiva do ponto de vista do ratings da economia portuguesa, (essa almofada) tem de ser mantida e tem de ser gerida em termos financeiros para acomodar o seu custo”, remata.
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