Costa Silva defende um “equilíbrio virtuoso entre o Estado e os mercados”

Siza Vieira vai coordenar a elaboração do plano de recuperação económica 2020-2030, após a consulta pública que decorre até final de agosto. Documento será entregue em Bruxelas em outubro.

Para o professor António Costa Silva “tem de haver um equilíbrio virtuoso entre o Estado e os mercados”, uma vez que os mercados “auto regulados não funcionam para o bem comum”. Este princípio foi transmitido pelo autor do documento Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 que está a ser apresentado esta terça-feira no Centro Cultural de Belém.

Numa intervenção em que apresenta a sua visão estratégica, o gestor da Partex elencou os princípios do documento que entregou ao Governo, desde logo na relação entre a esfera pública e o privado. Para Costa Silva as teorias do Estado fraco foram “derrotadas” pela realidade e, apesar de notar que os mercados são “máquinas fundamentais de inovação e competitividade”, por isso tem de haver “equilíbrio virtuoso entre o Estado e os mercados” uma vez que “os mercados auto regulados não funcionam para o bem comum”.

Assim, o professor convidado pelo Governo para elaborar o preâmbulo do plano de recuperação defende que o Estado deve continuar a apoiar as empresas até ao final do ano, alertando que em setembro ou outubro haverá empresas “com a corda na garganta”. Estas são empresas “rentáveis” que, se recuperarem, serão “eixos fundamentais” da recuperação da economia portuguesas.

António Costa Silva criticou também a “visão da sociedade excessivamente economicista e financeirista” que existe atualmente, avisando que é preciso olhar para outras áreas que “são cruciais para compreender o mundo que vivemos”, nomeadamente a ciência e tecnologia. O vírus trouxe à tona a “fragilidade imensa da nossa civilização” que “acumula informação como nunca antes na história”, mas não consegue “transformar informação em conhecimento” para mudar o mundo.

Nesta apresentação, Costa Silva explicou que, após a entrega desta visão estratégica, “a fase seguinte é da exclusiva competência do Governo” e que “governar é fazer escolhas”. Mas deixou um especial alerta sobre uma das áreas que lhe é cara: “Quando o país virou-se para o mar prosperou, quando virou as costas ao mar definhou”.

Siza Vieira: “É uma obrigação de todos aplicar bem estes recursos”

A intervenção inicial desta sessão coube ao ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, que irá coordenar a elaboração do plano de recuperação económica 2020-2030, após a consulta pública do documento de António Costa Silva que decorre até ao final de agosto, que terá de ser entregue à Comissão Europeia em outubro. Em reação ao acordo desta madrugada no Conselho Europeu, Siza Vieira alertou que “é uma obrigação de todos aplicar bem estes recursos”.

O ministro da Economia defendeu que o dinheiro deve ser canalizado para “investimentos produtivos que sirvam o país e o futuro dos portugueses”. Ou seja, os fundos não devem servir “apenas de estímulo económico imediato”, mas também para “pensar no país que queremos no final da década”. “Se não é só estímulo, mas também reforço destas fundações [do futuro da economia], deve estar norteado sobre uma reflexão do país que queremos ter”, explicou.

Esta visão estratégica de Costa Silva servirá por isso de “base à elaboração do programa de recuperação”.

António Costa agradece a Costa Silva. Há oportunidades que o “país não pode perder”

Em Bruxelas, no Conselho Europeu sobre o fundo de recuperação europeu, António Costa optou por fazer um vídeo que foi transmitido na sessão. Nessa declaração, o primeiro-ministro agradeceu o contributo de António Costa Silva com este documento numa altura em que o país enfrenta uma “crise económica e social muito profunda”.

Para Costa a reconstrução terá de ser através de “efeitos económicos e sociais imediatos, mas ancorada na ambição de futuro” para Portugal, nomeadamente na transição climática e digital, na reindustrialização e no aproveitamento dos nossos recursos. O primeiro-ministro espera que este documento, que será usado como “fio condutor”, “ajude a enriquecer o debate e que traga novas ideias para que haja um foco nas oportunidades que o país não pode perder”.

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