Recordes do ouro levam reservas de Portugal acima de 20 mil milhões
Portugal detém a 14.ª maior reserva de ouro do mundo. As 382,5 toneladas nos cofres do Banco de Portugal já valorizaram 24% este ano. Ou seja, quatro mil milhões de euros.
As reservas de ouro do Estado estão cada vez mais valiosas nos cofres do Banco de Portugal. A crise pandémica aumentou o apetite pelo metal preciosa que negoceia, em dólares, no valor mais elevado de sempre e muito próximo da barreira de 2.000 dólares por onça. Portugal, um dos países do mundo com maiores reservas de ouro, ganha.
Portugal detém a 14.ª maior reserva de ouro do mundo, de acordo com o Fundo Monetário Internacional. São 382,5 toneladas distribuídas entre Complexo do Banco de Portugal do Carregado, o Banco de Inglaterra, a Reserva Federal dos EUA e o Banco de Pagamentos Internacionais. Estas barras de ouro já valorizaram 24% este ano.
A 1.354,10 euros por onça de ouro fino, o montante de ouro detido pelo país estava avaliado, no final de 2019, em 16.654 milhões de euros. Desde então, a forte valorização levou o preço, esta segunda-feira, por onça para 1.680 euros por onça, o que significa que a mesma quantidade está atualmente avaliada em mais de 20.660 milhões de euros.
O ganho de quatro mil milhões de euros deve-se à renovada procura pelo metal precioso. Os receios sobre o impacto do novo coronavírus na economia mundial, resultados empresariais e mercados acionistas, tem levado os investidores a apostar no ativo-refúgio. A ajudar a puxar a cotação para recorde está também a desvalorização do dólar face a outras moedas mundiais, que torna mais atrativo o investimento no metal.
A queda do dólar traduz a perspetiva de que os EUA, a maior economia do mundo, poderá demorar a recuperar da pandemia, isto num contexto de tensão comercial entre os EUA e a China. Neste cenário, a expectativa dos investidores é de que poderão ser necessárias novas intervenções no mercado por parte da Reserva Federal dos EUA, o que levará a uma descida ainda maior da divisa norte-americana, aumentando assim o apetite pelo ouro.
Nunca o ouro valeu tanto
Portugal pode vender, mas não quer
As reservas portuguesas de ouro estão há 15 anos inalteradas. Portugal esteve vinculado a um acordo assinado por vários bancos centrais, incluindo o Banco Central Europeu (BCE), em 1999, que limitava a venda de ouro. Na viragem do século, Portugal ainda fez algumas vendas, mas a estratégia, levada a cabo pelo banco central sob a liderança de Vítor Constâncio, não foi continuada por Carlos Costa.
Esse acordo deixou de existir no final do ano passado pois o BCE considerou que a “maturidade” do mercado do ouro e o facto de nenhum banco central ter vendido ouro nos últimos anos (pelo contrário, compraram) levou à conclusão que não era necessário mais um acordo formal.
O Banco de Portugal ficou livre dessas restrições e pode vender o ouro. Tal como aconteceu durante a última intervenção da troika no país, a pandemia fez retomar o debate sobre a possibilidade de se usar as reservas de ouro do Banco de Portugal para ajudar o Estado a sair da crise. No entanto, o Banco de Portugal assegurou, em abril ao ECO, que não existe “intenção de realizar qualquer venda”.
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