Novo crédito à habitação em máximos de cinco meses
Em novembro, foram concedidos 535 milhões de euros para a compra de casa, com este segmento a ser o que mais beneficia da abertura da torneira do crédito por parte dos bancos.
O crédito à habitação continua a sobressair como uma das poucas modalidade que beneficia da abertura da banca para conceder empréstimos. Segundo dados divulgados hoje pelo Banco de Portugal, em novembro, a nova concessão de crédito para a compra de casa atingiu o valor mais elevado dos últimos cinco meses, ficando bem próxima de máximos de seis anos.
Nesse mês, os bancos concederam um total de 535 milhões de euros em empréstimos para a aquisição de casa. Este valor representa um crescimento de 79 milhões face aos 456 milhões disponibilizados em outubro, e é também o mais elevado desde junho, mês em que foram concedidos 587 milhões de euros em crédito à habitação. A concessão verificada em novembro fica bem próxima do nível registado em março de 2011, período que antecedeu o pedido de assistência financeira de Portugal e o travão a fundo no crédito.
O valor concedido em novembro, eleva para um total de 5.164 milhões de euros os novos empréstimos à habitação disponibilizados nos primeiros 11 meses de 2016, o que corresponde a um crescimento de 46%, face ao montante concedido em igual período do ano anterior. O crédito à habitação continua assim a ser das poucas modalidades que beneficia da abertura da torneira do crédito por parte dos bancos nacionais.
Para além da habitação, o crédito ao consumo é a única categoria de empréstimos que continua a alimentar o crédito à economia. Em novembro, os bancos concederam um total de 343 milhões de euros em empréstimos ao consumo, acima dos 323 milhões disponibilizados em outubro. Este montante eleva para 3.447 milhões de euros, o total de empréstimos com essa finalidade concedidos nos 11 meses de 2016. Face ao mesmo período de 2015, este montante representa um aumento de 21% na concessão.
Já a finalidade de outros empréstimos aos particulares viu o montante da concessão fixar-se, em novembro, nos 147 milhões de euros, o que supera os 138 milhões concedidos em outubro.
Crédito à economia em queda
De forma global, aquilo que os dados da entidade liderado por Carlos Costa revelam é que, apesar da palavra de ordem do BCE para os bancos inundarem o mercado com crédito, este não está a chegar à economia. No acumulado do ano, até novembro, os novos empréstimos à economia totalizaram 37.204 milhões de euros, menos 3% face ao montante disponibilizado em igual período de 2015.
Essa quebra resulta, em grande medida, da persistente quebra do financiamento às empresas. Em novembro, este segmento recebeu 2.132 milhões de euros em empréstimos, o que representa um mínimo de junho de 2016. Foi dado assim seguimento à tendência de quebra verificada ao longo do ano, período em que as empresas viram encolher, em 11% o total da nova concessão.
De forma desagregada, são as empresas de maior dimensão que mais viram encolher a concessão de crédito ao longo dos primeiros meses do ano passado. Entre janeiro e novembro, os empréstimos às empresas de maior dimensão encolheram 17%, enquanto no caso das pequenas e médias empresas a quebra foi de 6%.
Essa quebra tem sido atribuída, em grande medida, a uma escassez de oferta de financiamento, mas sim à falta de procura.
Malparado recua nas empresas e particulares
O crédito de cobrança duvidosa continua a recuar tanto para as empresas como as famílias. Em novembro, o incumprimento entre as famílias recuou pelo sexto mês consecutivo, apoiado pelo alívio verificado no segmento de crédito à habitação. Os dados do Banco de Portugal mostram que dos 94.745 milhões de euros do total de crédito à habitação, 2.367 milhões de euros eram crédito vencido, o que equivale a uma taxa de incumprimento de 2,5%. Esta percentagem é inferior aos 2,52% fixados em outubro. No consumo, pelo contrário foi observado um agravamento dos níveis de incumprimento, sendo que este atingiu 1.099 milhões de euros, acima dos 1.066 milhões registados o mês precedente. Face ao total do crédito ao consumo disponível, o grau de incumprimento representava 7,9%, em novembro, acima dos 7,7% registados em outubro.
Entre as empresas ocorreu um decréscimo do incumprimento, com o malparado nas empresas a atingiu 12.802 milhões de euros, abaixo dos 12.880 milhões fixados em outubro. Este valor corresponde a uma taxa de incumprimento de 16,4% face ao total de empréstimos ao segmento empresarial.
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