Europeus vão comprar menos um par de sapatos este ano, mas empresas em Portugal tentam recuperar tempo perdido
O consumo de calçado vai sofrer uma quebra de 27,5% na Europa, sendo que cada europeu vai comprar, este ano, menos um par de sapatos. Tendência vai afetar a indústria nacional.
O setor do calçado está a ser fortemente afetado pela Covid-19 e o ano de 2020 vai ser marcado por uma quebra no consumo mundial na ordem dos 22,2%, sendo que na Europa essa quebra será ainda maior (27,5%). Em todo o mundo vão deixar de ser vendidos mais de 5 mil milhões de pares de sapatos, o que significa que, em média, cada pessoa vai comprar menos um par este ano, adianta ao ECO a Associação Portuguesa de Calçado (APICCAPS).
“Esta quebra vai afetar todos os países e na Europa ainda é mais significativa. Portugal exporta mais de 95% da produção para praticamente todo o mundo e a Europa é o mercado por excelência do calçado nacional. Vamos estar sempre dependentes do evoluir da pandemia e dos mercados externos. Se o consumidor não sair de casa e não comprar vestuário e calçado certamente as nossas empresas vão sair penalizadas”, explica ao ECO fonte oficial da associação de calçado.
O setor do calçado depende fortemente do mercado externo. O ano passado a indústria portuguesa de calçado exportou dois mil milhões de euros para 163 países nos cinco continentes. Antes da pandemia, a APICCAPS estava confiante que “2020 seria um ano de afirmação do calçado português nos mercados externos”. A título de exemplo a associação destaca que a América era um mercado onde o calçado nacional estava a crescer e a “expectativa era grande”, uma realidade que não passou de uma miragem, uma vez que o mercado americano está a registar o pior desempenho económico em mais de cem anos.
Empresas de calçado tentam recuperar tempo perdido
Em circunstâncias normais, em Portugal a maioria das empresas de calçado estaria em período de férias durante o mês de agosto. Uma realidade que foi completamente distorcida pela pandemia de coronavírus. Atualmente, grande parte das empresas está a trabalhar a todo gás de forma a recuperar o tempo perdido face ao período de confinamento.
“As empresas que estão em lay-off não chegam sequer aos 10% porque estamos num pico de produção. Se tivéssemos uma percentagem significativa de empresas em lay-off seria terrível. Estamos a tentar recuperar algum tempo perdido em agosto. Muitas empresas tentaram reduzir o período de férias em agosto para compensar o tempo perdido, perdemos pelo menos dois meses”, adianta a associação nacional de calçado.
Apesar de a produção seguir a um bom ritmo, a APICAPPS alerta que as empresas vão chegar ao final do ano com apenas oito ou nove meses” de trabalho, o que terá impacto nas contas.
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