Malheiro teme “lobbies” no hidrogénio e desafia Galamba a demonstrar que não está a fazer um “frete” a alguém

O vice-presidente do PSD e o secretário de Estado da Energia entraram em discussão no Twitter sobre o Plano Nacional do Hidrogénio divulgado na semana passada.

A divisão entre o PS e o PSD no tema do hidrogénio continua a causar polémica. Desta vez, no Twitter, foi Salvador Malheiro a atacar o Plano Nacional do Hidrogénio que foi publicado em Diário da República na semana passada. O vice-presidente do PSD diz temer “lobbies” do setor, mas não ficou sem resposta: o secretário de Estado da Energia, João Galamba, ripostou, escrevendo que Malheiro opina sem ler o documento.

“Já está em DR [Diário da República] o Plano Nacional para o H2 [Hidrogénio]. Todos somos a favor do H2. Mas estipular metas sem começar p/ redes de distribuição, p/ tecnologia, p/ descentralização e não acautelando que tal plano não terá custos p/ os contribuintes a favor de lobbies… merece a nossa reprovação“, começou por criticar Salvador Malheiro numa publicação no Twitter esta segunda-feira.

Desde logo, o presidente da câmara de Ovar e vice-presidente do PSD diz ser a favor do hidrogénio. Contudo, os elogios acabam aí: para Malheiro o documento merece a “reprovação” dos social-democratas por não estar bem delineado nas suas prioridades. Além disso, o braço direito de Rui Rio, que tem formação em engenharia e um doutoramento em energia e combustão, considera que o Governo não acautela que não haverá custos para os contribuintes — o que é uma promessa do Executivo –, temendo favores a “lobbies”.

Em reação, também no Twitter, o secretário de Estado da Energia acusou Malheiro de não ler o documento: “Só posso concluir que não leu a estratégia, nem percebeu que o dl [decreto-lei] do sistema de gás já foi promulgado. Seja na estratégia, seja no diploma do sistema nacional de gás, as questões que levanta estão clara e cabalmente respondidas. Parece que passou a haver um desporto nacional chamado opinar sem ler“, escreveu João Galamba, acrescentando posteriormente que “um dos pilares da estratégia [é] não haver qualquer custo para consumidores de energia”.

A discussão continuou com Malheiro a argumentar que as redes não estão preparadas, que a tecnologia prevista não é a mais eficientes, que não se privilegia “a produção descentralizada e junto dos consumidores” e que não se garante que os “consumidores/contribuintes nada pagarão no futuro”. “Está-se a fazer um frete a alguém? Demonstre que não“, desafiou a Galamba.

A resposta não tardou: “Sobre ‘fazer um frete a alguém’, e apesar da insinuação gratuita, a EN-H2 [Estratégia Nacional do Hidrogénio] está totalmente alinhada com estratégia, objetivos e mecanismos de financiamento europeus. Se tem alguma dúvida, é perguntar; se só tem insinuações e quer inverter o ónus da prova, lamento mas não tenho muito para lhe dizer”, ripostou.

Sobre as redes, Galamba respondeu que Portugal tem “das redes de gás (sobretudo distribuição) mais bem preparadas de toda a Europa” para receber hidrogénio, referindo que é essa a conclusão de um estudo da FCHJU (Fuel Cells and Hydrogen Joint Undertaking), uma iniciativa público-privada que envolve a Comissão Europeia e institutos de investigação. O secretário de Energia usa o estudo também para referir que o hidrogénio pode ser convertido a um “custo relativamente reduzido”, assegurando que esta conclusão foi confirmada pela REN.

Sobre a produção descentralizada, o ex-deputado garante que esta está “claramente prevista na estratégia e até é dito que, seja na indústria, seja nos transportes, a produção descentralizada (em regime de autoconsumo) é a prioridade“.

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