“Presidente da República não vai alinhar em crises políticas”. Marcelo diz que seria uma “aventura” face à crise pandémica
Marcelo Rebelo de Sousa avisou esta quinta-feira que o "Presidente da República não vai alinhar em crises políticas". Seria uma "aventura" fazê-lo no meio de uma crise pandémica.
“O Presidente da República não vai alinhar em crises políticas“. O aviso está dado: Marcelo Rebelo de Sousa não pretende dissolver a Assembleia da República caso haja uma crise política, o que seria uma “aventura” no meio de uma crise pandémica. Questionado sobre as negociações do Orçamento do Estado para 2021, Marcelo diz que “são todos obrigados a pensar no interesse nacional”.
“Desenganem-se os que pensam que se não houver um esforço de entendimento que vai haver dissolução do Parlamento no curto espaço de tempo que o Presidente tem para isso que é até ao dia 8 de setembro“, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa durante uma visita à abertura da Feira do Livro de Lisboa, em declarações transmitidas pela RTP3. Para o Presidente da República “uma crise política ou a ameaça é ficção, é para romance, e romances há muitos na Feira do Livro”.
O Presidente da República foi claro ao dizer aos partidos para não contarem com ele para consumar uma crise política até 8 de setembro, nem a alternativa de uma “crise a prazo”, ou seja, que um “Presidente empossado — seja quem for — a 9 de março estar a dissolver [o Parlamento] para [marcar] eleições em junho”. “Isto não existe, isto é ficção“, ditou o chefe de Estado, recordando que ainda não passou um ano sobre as últimas legislativas e dramatizando o seu aviso ao dizer que “estamos a falar de coisas muito sérias”.
O aviso vai não só para o Governo como para os restantes partidos políticos, nomeadamente os antigos parceiros da geringonça e o PAN que retomam as negociações do Orçamento de Estado para 2021 esta sexta-feira. “A realidade é que não nos podemos dar ao luxo nem dessas ameaças, nem desses cenários, muito menos da sua concretização“, afirmou Marcelo, assinalando a “necessidade de haver diálogo entre os partidos políticos”.
"Em cima da crise da saúde e da crise económica, uma crise política era uma aventura total.”
“O que os partidos têm de fazer é dialogarem, falarem, ver como se viabiliza um orçamento que é fundamental para saber como se utilizam os fundos que chegarão de Bruxelas”, argumentou Marcelo, ressalvando que “pluralismo é pluralismo [pelo que] ninguém é obrigado a violar a sua consciência, mas são todos obrigados a pensar no interesse nacional“. A solução passa por “negociar o que é preciso e fazer as concessões” para chegar a um OE 2021 que “não é o ideal nem o ótimo para ninguém, mas que seja o possível para o maior número”.
Feito o aviso, o Presidente da República classificou de “improvável” que haja uma crise política por causa das negociações do Orçamento do Estado para 2021 e a sua viabilização no Parlamento. “Os portugueses não perceberiam, com uma pandemia que se pensa que pode piorar — vamos fazer tudo para que não piore –, com uma crise económica e social que já sabemos que será brutal, juntar uma crise política de meses até haver um Governo em plenitude de funções para fazer o que é preciso fazer”, rematou Marcelo Rebelo de Sousa.
O alerta do chefe de Estado chega um dia antes do recomeço das negociações do Orçamento do Estado para 2021, sem a presença do PCP, cuja reunião será mais tarde. Em julho, António Costa apelou aos antigos parceiros da geringonça para negociar uma solução de estabilidade para a legislatura. No entanto, os partidos à esquerda querem menos conversa e mais ações, com o PS a cumprir as medidas já acordadas e a comprometer-se com outras reivindicações, nomeadamente as mudanças na lei laboral reivindicadas pelo BE.
(Notícia atualizada às 17h32 com mais informações)
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