GNB Vida já só valia 175 milhões para o Novo Banco
O Novo Banco até obteve mais valia de 15 milhões de euros com a venda da GNB Vida. Relatório Deloitte refere que a seguradora tinha perdido muito valor desde 2014.
A participação do Novo Banco na seguradora GNB Vida vendida por 190 milhões no final de 2018 e resultou do registo de 380 milhões de imparidades entre 2016 e 2018. Essas menos valias estiveram relacionadas com o desempenho da própria empresa.
Na sequência da resolução do BES, o Novo Banco comprou em 2014 uma participação de 100% no BES Vida por 620 milhões e logo no final desse ano o seu valor nas contas do NB era de 679 milhões. Depois deu-se uma degradação do desempenho económico da GNB Vida, quatro anos depois os ativos tinham caído 34%, em 2018 o capital próprio tinha decrescido 30% em relação a 2014, a soma dos resultados líquidos de cinco anos foi negativa em 42 milhões de euros. Naturalmente o valor da participação da GNB Vida no balanço do NB degradou-se 74%, ou seja valia na altura da venda em setembro de 2018, um quarto do valor que tinha no momento da resolução.
A armadilha dos produtos Vida com rendimento garantido
A GNB Vida tinha uma posição liderante no ramo Vida em 2014, ano em que vendeu seguros no valor de 1,3 mil milhões de euros e tinha uma quota de mercado no ramo de 21%. O relatório da Deloitte comenta a propósito que “a GNB Vida tinha uma atividade que, de acordo com informação financeira disponibilizada, vinha a decrescer nos últimos anos, observando-se uma redução de quota de mercado” e explica que “o negócio daquela seguradora se encontrava bastante dependente de produtos de taxa de juro garantida, o que, em contexto de taxas de juro muito baixas, constituía um risco considerável e conduzia a uma volatilidade relevante nos resultados”.
A partir da passagem para o Novo Banco a atividade da GNB Vida decresceu bruscamente. Em 2017 só emitiu prémios de 149 milhões de euros, menos 85% do que tinha obtido em 2014 e a sua quota de mercado baixou a 4% do segmento Vida em Portugal. Já em 2018, ano da venda da participação à APAX Partners, as vendas subiram mais do dobro e a quota de mercado subiu aos 9,3% do ramo Vida. No primeiro ano como Gamalife, 2019, voltou a quase duplicar as vendas e a quota subiu para 13%, mas os prejuízos mantêm-se.
O relatório descreve que em março de 2017 o Novo Banco iniciou um processo organizado de venda da GNB Vida, no qual foram contactados 54 investidores estratégicos e assinados 5 non disclosure agreements. De acordo com os compromissos assumidos pelo Estado Português em outubro de 2017 com a Comissão Europeia, a participação na GNB Vida deveria ser vendida até 31 de dezembro de 2019. O Novo Banco acabou por iniciar, em maio de 2018, a formalização de negociações com caráter de exclusividade com a GBI, controlada pela APAX, que apresentou a proposta de montante superior, após a existência de 2 ofertas, tendo assinado o contrato de venda em 12 de setembro de 2018 por 190 milhões de euros, acrescido de uma componente variável de até 125 milhões de euros.
O Novo Banco tem insistido que o valor da venda da seguradora estava ao nível das ofertas recebidas por potenciais compradores. A Deloitte confirma no seu relatório que “o reduzido número de ofertas vinculativas indicia um baixo nível de atratividade da companhia para investidores externos”.
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