Novo Banco vendeu GNB Vida com desconto de 70%. “Preço foi o melhor” diz o banco
Seguradora foi vendida por 123 milhões a fundos geridos pela Apax, gerando um perda de 268,2 milhões de euros que foi compensada com nova chamada de capital do Fundo de Resolução.
A GNB Vida, designada agora como Gama Life, foi alienada pelo Novo Banco em outubro de 2019 a fundos geridos pela Apax Partners. A seguradora foi vendida por 123 milhões de euros, um desconto de 68,5% face ao valor contabilístico, gerando uma perda de 268,2 milhões de euros para a instituição liderada por António Ramalho, noticia o Público (acesso condicionado) esta segunda-feira.
Para além da variação acentuada de valores, a alienação gera controvérsia devido aos sinais de que as autoridades nacionais e europeias terão desvalorizado indícios de ligação do comprador da Gama Life ao magnata do setor segurador Greg Lindberg, condenado já este ano pela Justiça norte-americana por corrupção e fraude fiscal. A venda da Gama Life à GBIG Portugal terá mesmo suscitado uma queixa, apresentada a 13 de janeiro deste ano, junto da ESMA, Autoridade Europeia de Mercados e Títulos, e subscrita por quem tem envolvimento e interesse direto no Novo Banco.
Segundo o jornal, nessa queixa é pedido que a ESMA investigue os contornos da alienação da seguradora vida portuguesa a investidores de fundos geridos pela Apax, admitindo um possível “conluio” entre Paulo Ramos Vasconcelos e a administração do Novo Banco, com o objetivo de lesar os contribuintes portugueses. Paulo Ramos Vasconcelos foi o presidente executivo (CEO) da então designada GNB Vida entre 3 de agosto de 2014 (dia da resolução do BES) e 14 de outubro de 2019, data da sua venda aos investidores norte-americanos.
Novo Banco diz que “preço final da transação foi o melhor”
Entretanto, o Novo Banco já reagiu à notícia do Público, referindo que que o “comprador da seguradora teve idoneidade verificada pelo regulador de seguros” e que a “venda foi realizada com acordo expresso do fundo de resolução”.
“O Novo Banco concretizou a venda da totalidade do capital social da GNB – Companhia de Seguros de Vida à GBIG Portugal, uma sociedade totalmente detida por fundos geridos pela APAX PARTNERS no dia 14 de outubro de 2019, cumprindo o compromisso do Acordo Portugal/Comissão Europeia que obrigava a venda até 2019“, esclarece a instituição financeira em comunicado.
Relativamente ao valor de venda, é referido pelo banco que este ascendeu a um preço fixo inicial de 123 milhões de euros acrescido de uma componente variável de até 125 milhões de euros indexada a objetivos de distribuição constantes do contrato entre o Novo banco e a GNB Vida para distribuição de produtos de seguros vida em Portugal por um período de 20 anos.
“Com este contrato, que tem por base uma parceria de longo prazo com incentivos partilhados, o Novo Banco garante a distribuição de produtos de seguros vida da GNB Vida em Portugal na rede comercial do banco, assim como promove a inovação financeira e a melhoria do cross selling dos produtos de seguros vida”, diz a esse propósito a instituição financeira liderada por António Ramalho.
Neste sentido, o Novo Banco conclui, dizendo que “o preço final da transação foi o melhor e resultou de um processo organizado de venda, competitivo e transparente, com o acordo do Fundo de Resolução, em que o comprador obteve idoneidade por parte da ASF”.
Já o Presidente da República, confrontado com esta nova polémica em torno do Novo Banco reiterou aquilo que tem vindo a dizer, no sentido de que seja garantido um rápido esclarecimento de quaisquer dúvidas que possam existir em torno da instituição.
“O Governo tomou uma posição sensata — que é a minha posição já há muito tempo — que é acelerar e pedir que se acelere a auditoria e todo o tipo de investigação e todo o tipo de apuramento da realidade relativamente ao Novo Banco“, disse Marcelo de Sousa em declarações aos jornalistas durante uma visita a Armação de Pêra, no Algarve, esta segunda-feira.
Disse ainda esperar que esse esclarecimento “se concretize o mais rápido possível”, lembrando que “é importante para o esclarecimento dos portugueses” já que “indiretamente os portugueses estão envolvidos pela garantia do Estado ao fundo de resolução”.
(Notícia atualizada pela última vez às 12h52 com declarações do Presidente da República)
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