Inspirada em Silicon Valley, a nova sede da PHC Software no Porto é mais do que um escritório. O espaço foi pensado para promover a felicidade dos trabalhadores e, acima de tudo, a vontade de voltar.
A ideia surgiu depois de uma viagem a Silicon Valley, em 2019. Ricardo Parreira, CEO da PHC Software, concluiu que era possível chegar, em Portugal, ao nível de qualidade do que de melhor se fazia lá fora. Em plena pandemia, a empresa inaugurou novos escritórios em Madrid e, inspirado nos escritórios de grandes empresas em Silicon Valley, está a construído o “super edifício” da PHC Software no Tagus Park, que deverá inaugurar o primeiro trimestre de 2021 e vai ocupar 4.000 metros quadrados. No Porto, aproveitou para fazer uma visita guiada – online, através da página do Facebok – aos novos escritórios da empresa na Invicta.
Foi a pensar na possibilidade de o escritório proporcionar uma experiência tão boa como ficar na melhor divisão de sua casa que a PHC Software materializou, na cidade do Porto, o conceito de “best experience at work”. O espaço ocupa 900 metros quadrados de um andar, tem capacidade para 90 pessoas, e nele encontramos inspiração tirada dos escritórios de empresas como a Google, Facebook ou Pinterest.
“Normalmente pensamos em best place to work e, na PHC, quisemos ir mais longe do que apenas no espaço. Mais do que um local para trabalhar, estes escritórios são uma experiência, onde o conforto e a concentração vivem em harmonia com a descontração e a criatividade”, começa por explicar Ricardo Parreira, CEO da empresa, à Pessoas.
À entrada da PHC Software, os trabalhadores têm um sistema de self check-in e de marcação de salas. Nos novos escritórios há espaços de lazer, uma mesa de ping pong, matraquilhos e até bancos de jardim, para criar uma verdadeira “experiência” de bem-estar dentro do local de trabalho. Os tetos têm sistemas de absorção de som e o chão tem alcatifas especiais que criam conforto acústico, phoneboots e salas insonorizadas.
Pensada para o pós-Covid
“Dentro do best experience, temos de ter um bom espaço para a ler, para estar numa reunião de equipa, mas sem ser numa sala de reuniões, ou numa reunião de brainstorm sem mesas e cadeiras”, sublinha o responsável. Nas novas instalações encontramos conceitos que têm vindo a fazer parte dos escritórios, como o clean desk – secretárias vazias e arrumação em cacifos — ou o hot desk (sem lugares definidos), o que em tempo de pandemia facilita a desinfeção e higienização dos espaços, preparando-os para o dia seguinte.
Antes da pandemia, a PHC Software já tinha adotado o trabalho remoto e, por isso, as instalações do Porto parecem pensadas exatamente para este período pós-pandemia. Os espaços já estão preparados para acolher um sistema de trabalho híbrido, o que dá ainda mais significado ao conceito work like home. Assim, o CEO da empresa espera que no futuro os escritórios consigam o dobro dos trabalhadores, numa conjugação entre o trabalho remoto e o presencial. “De repente, não mudámos nada, porque temos esta ideia de que o remote work é uma forma de trabalho com muitas vantagens e se o misturarmos com a colaboração na empresa, conseguimos atingir o ponto ótimo de produtividade e foco”, aponta o gestor.
Acho que o mundo das empresas centradas no escritório vai acabar. As empresas vão estar centradas nas pessoas e não no escritório.
Felicidade: a receita para a produtividade
“Adapt & Grow”, “Make an Impact”, “Cool but pro” são as mensagens que vamos encontrando em vários pontos dos escritórios e que refletem a cultura da PHC. “Cool but pro”, ou “descontraído, mas profissional”, é uma mensagem que reflete o envolvimento dos trabalhadores na conceção dos escritórios, explica Ricardo Parreira. As salas têm nomes de personagens de animação como o Scooby-Doo, o Sponge Bob, o Pokemón ou o Bart Simpson, e os temas foram escolhidos pelos trabalhadores.
Para o gestor, a participação dos trabalhadores é o verdadeiro conceito de best experience at work, pois permite aos trabalhadores sentir que fizeram parte da construção do espaço e, no final do processo, terem um escritório que seja “um sítio para onde apetece ir, ser aquela parte da casa que eu nunca vou ter em minha casa”, destaca. “No fundo, inclui os vários tipos de experiência, os vários tipos de pessoas envolvidas no espaço, desde os colaboradores, os clientes, os parceiros, os visitantes, aos cidadãos da região”, acrescenta.
Estas instalações não são mais do que a continuação disso: do investimento brutal na experiência de trabalho dos nossos colaboradores do Porto, para que se sintam preparados e com vontade de dar o melhor de si próprios.
A frase “Better management for happier people” (que significa “melhor gestão para pessoas mais felizes”) foi, por isso, uma das escolhidas para serem reproduzidas em luzes led numa parede de jardim vertical, numa zona de lazer, considerada o ex-líbris do escritório e uma forma de mostrar a crença da PHC de que “a felicidade é lucrativa”. É que, nos últimos cinco anos, a empresa bateu recordes de vendas continuamente. E os resultados são atribuídos, pelo CEO, a esse “foco na felicidade. “Estas instalações não são mais do que a continuação disso: do investimento brutal na experiência de trabalho dos nossos colaboradores do Porto, para que se sintam preparados e com vontade de dar o melhor de si próprios”, explica Ricardo Parreira, para quem a maior vantagem de investir nos espaços de trabalho é poder “dar mais exemplos de gestão” e “contribuir para a felicidade dos trabalhadores”.
Mais do que o escritório, o foco são as pessoas
“Acho que o mundo das empresas centradas no escritório vai acabar. As empresas vão estar centradas nas pessoas e não no escritório, portanto vão ter de arranjar outras formas de comunicação, partindo do pressuposto que nem todas estão no mesmo espaço, e pensando em formas de passar a cultura constantemente”, descreve Ricardo Parreira. Por isso, considera que, no futuro, vai emergir um novo conceito de gestão de cultura nas empresas: espaços com características que promovam a vontade das pessoas se deslocarem. O futuro será, por isso, híbrido, ou seja, baseado num modelo que conjugue o trabalho remoto com o presencial. “Pode haver um dia do ano em que estejam lá 50 pessoas mas não prevejo que, no pós-pandemia, passe a acontecer o que acontecia antigamente em algumas empresas, que é estarem todas as pessoas no escritório”, refere.
Contas feitas, por dia, todos os trabalhadores da PHC gastavam 273 horas em transportes para se deslocarem ao escritório, conta Ricardo Parreira. Com a possibilidade de um sistema híbrido, a PHC conseguiu reduzir significativamente este número e melhorar a produtividade, assim como o grau de satisfação dos trabalhadores. Contudo, a presença física ainda importa: “fazer sessões de brainstorm via Zoom é muito mais difícil, porque o ser humano precisa de linguagem corporal dos outros. O debate, puro e simples, via videoconferência, é muito mais difícil. As pessoas são mais retraídas, do que ao vivo, em dizer coisas contra, em muitas vezes dar a sua verdadeira opinião”, justifica.
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Opinião a opinião, constrói a PHC o novo escritório
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