Crise provocada por pandemia reduz impacto imediato de Brexit sem acordo

  • Lusa
  • 23 Setembro 2020

A crise provocada pela pandemia no Reino Unido pode reduzir os custos políticos e económicos imediatos de um Brexit sem acordo até final do ano, segundo o economista Jonathan Portes.

O economista e professor na universidade King’s College London Jonathan Portes acredita que a crise provocada pela pandemia no Reino Unido pode reduzir os custos políticos e económicos imediatos de um Brexit sem acordo até final do ano.

É possível que a crise covid-19 reduza os custos políticos e económico de uma ausência de acordo pós-Brexit. Pode ser mais fácil lidar com os ajustamentos de uma ausência de acordo se o comércio, viagens, turismo ou imigração já forem baixos”, disse esta quarta-feira durante um evento do instituto académico britânico UK in a Changing Europe.

O Reino Unido entrou oficialmente em recessão pela primeira vez em mais de 10 anos, depois do Produto Interno Bruto (PIB) ter caído 20,4% entre abril e junho, o segundo trimestre consecutivo de contração.

O instituto nacional de estatísticas britânico (ONS) indicou que todos os setores da economia do Reino Unido sofreram uma queda devido ao impacto das medidas de contenção postas em prática pelo Governo para conter a propagação do covid-19. De acordo com as estatísticas, a contração no segundo trimestre foi a maior alguma vez registada no Reino Unido.

No primeiro trimestre, entre janeiro e março, o PIB do Reino Unido tinha caído 2,2%, mas a recessão económica tornou-se mais pronunciada a partir de abril, uma vez que o país estagnou devido à paralisação económica para conter a pandemia.

Segundo Portes, o custo do ajustamento económico pode sobrepor-se, reduzindo o impacto imediato da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem um acordo de comércio.

“Se temos um grande choque económico que requer um ajustamento estrutural e outro choque económico que também requer ajustamento estrutural, talvez seja mais barato fazer os dois ao mesmo tempo”, explicou.

Porém, acrescentou, mesmo que, a curto prazo, a crise provocada pela pandemia covid-19 “eclipse” o impacto do Brexit, a longo prazo as relações económicas com a UE poderão ser importantes.

O economista falava num evento de lançamento do relatório “UK in a Changing Europe” (Reino Unido numa Europa em mudança) sobre o impacto no Reino Unido de uma ausência de acordo, o que implicará que o comércio entre as duas partes passe a ser feito nos termos da Organização Mundial do Comércio.

Segundo o estudo, o Reino Unido poderá ver reduzido o Produto Interno Bruto (PIB) em cerca de 8% na próxima década, semelhante aos 7,6% estimados pelo próprio governo britânico num documento oficial de novembro de 2018. “A médio e longo prazo, o impacto de um Brexit sem acordo vai ser mais substancial e negativo do que a crise Covid”, vincou Portes.

A nona ronda de negociações entre Londres e Bruxelas para um acordo de comércio pós-Brexit está prevista para a semana entre 28 de setembro e 02 de outubro.

Os dois lados estão num impasse devido a desacordos sobre questões relacionadas com as pescas e a concorrência, nomeadamente apoios estatais a empresas.

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